Um relatório sobre Hong Kong dos membros do grupo parlamentar bipartidário All Party disse que os trabalhadores de primeiros socorros, médicos e enfermeiras foram sujeitos a intimidações, ameaças, violência física e detenções durante os meses de confrontos entre a polícia e os manifestantes que começaram no ano passado na cidade semiautónoma chinesa.

“O tratamento da polícia de Hong Kong aos trabalhadores humanitários e a interferência dentro dos hospitais resultaram em manifestantes feridos que não receberam cuidados médicos necessários na altura ou [que não receberam] de todo”, pode ler-se no documento.

O legislador Alistair Carmichael, que copreside o grupo parlamentar, disse que a violência não partiu de “alguns polícias desonestos”, mas sim de uma mudança de política “claramente sistemática e bastante deliberada” que se alinhava mais ao policiamento na China continental.

Os autores do relatório disseram que tiraram as conclusões depois de receberem mais de 1.000 testemunhos escritos e ouvirem muitos relatos de testemunhas em primeira mão, tendo pedido ao Reino Unido para impor urgentemente sanções à líder de Hong Kong, Carrie Lam, e ao comissário da polícia da cidade.

Hong Kong viveu no ano passado protestos violentos contra uma lei que permitiria a extradição de suspeitos para a China, protesto que se transformou num movimento muito mais amplo que pedia a reforma democrática e o fim da brutalidade policial.

Embora a lei de extradição tenha sido retirada posteriormente, as manifestações duraram meses. O uso de gás lacrimogéneo, gás pimenta e balas de borracha por parte da polícia para dispersar manifestantes tornou-se uma ocorrência comum.

Pequim impôs uma nova lei de segurança nacional abrangente em Hong Kong no mês passado, levantando preocupações generalizadas de que o governo chinês esteja a reprimir os protestos antigovernamentais.

Hong Kong tem há muito desfrutado de liberdades civis que não são vistas na China continental porque é governada sob o princípio de “um país, dois sistemas” desde que a ex-colónia britânica voltou ao domínio chinês em 1997.