“As missões de treino são mais bem realizadas fora do país. No Reino Unido, treinámos 60.000 soldados ucranianos”, respondeu Cameron quando questionado sobre se seria inteligente, na situação atual, excluir o envio de tropas ocidentais.
“Devemos evitar criar alvos óbvios para [o Presidente russo Vladimir] Putin”, justificou, citado pela agência francesa AFP.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou em fevereiro que a possibilidade de envio de tropas ocidentais para a Ucrânia não podia ser excluída, um comentário que suscitou o protesto de outros líderes.
Mais tarde, as autoridades francesas procuraram clarificar os comentários de Macron e atenuar a reação adversa, insistindo simultaneamente na necessidade de enviar um sinal claro à Rússia de que não pode vencer a guerra contra a Ucrânia.
Foi então admitida a possibilidade do envio de instrutores militares sem envolvimento em combates com a Rússia, que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
O Reino Unido reagiu às declarações de Macron afirmando que “um pequeno número” de britânicos já se encontrava no terreno “para apoiar as forças armadas ucranianas, nomeadamente em termos de formação médica”.
“Não estamos a planear qualquer destacamento em grande escala”, afirmou na altura um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak.
O ministro das Forças Armadas francês, Sébastien Lecornu, deixou claro na sexta-feira que o envio de “tropas terrestres de combate” para a Ucrânia não estava em cima da mesa.
Lecornu considerou, no entanto, que existem vias a explorar para “desminar e treinar soldados ucranianos em solo ucraniano”.
“Quanto mais a Ucrânia tiver de aumentar o seu exército, maior será a necessidade de formação em massa”, justificou Lecornu.
O chefe da diplomacia da Polónia, Radoslaw Sikorski, apoiou na sexta-feira a sugestão de Macron de que “não é impensável” o envio de tropas, apesar da oposição do primeiro-ministro, Donald Tusk, a tal possibilidade.
Na entrevista ao Suddeutsche Zeitung, David Cameron reafirmou que as armas de longo alcance são úteis para a Ucrânia e admitiu ajudar Berlim a ultrapassar a relutância em fornecer mísseis Taurus de fabrico alemão.
“Estamos determinados a trabalhar em estreita colaboração com os nossos parceiros alemães nesta questão, tal como em todas as outras, para ajudar a Ucrânia”, disse.
Com receio de uma escalada do conflito, a Alemanha tem recusado fornecer à Ucrânia mísseis Taurus, que têm um alcance superior a 500 quilómetros (km), o que permitiria às forças ucranianas atingir alvos no interior da Rússia.
Desde maio de 2023, Kiev recebeu mísseis Storm Shadow/Scalp (250 km de alcance) fornecidos pela França e pelo Reino Unido, seguidos de mísseis ATACMS norte-americanos (165 km de alcance).
Comentários