Os trabalhistas precisavam de 326 deputados para conseguir governar com uma maioria absoluta, mas as projeções apontam para uma margem mais confortável. O partido de Keir Starmer soma 410 lugares, segundo os resultados oficiais provisórios divulgados pela cadeia britânica BBC.

Esta vitória coloca Keir Starmer enquanto líder do partido mais votado no caminho para ser indigitado primeiro-ministro pelo rei Carlos III, depois dos resultados finais.

Até agora, foram declarados os resultados de 637 dos 650 assentos na Câmara dos Comuns que foram votos, tendo 410 sido conquistados pelo Partido Trabalhista, 117 pelo Partido Conservador, 69 pelos Liberais Democratas e os restantes por outros partidos ou candidatos independentes, de acordo com a BBC.

Este é o pior resultado dos conservadores, do primeiro-ministro Rishi Sunak, desde o começo do século XX, quando conquistaram 156 cadeiras em 1906.

"Os eleitores exprimiram-se e estão prontos para a mudança, para pôr um fim à política de espetáculo e voltar à política como um serviço à cidadania", declarou o líder trabalhista Starmer, de 61 anos, num discurso após sua reeleição como deputado em sua circunscrição do norte de Londres.

O partido de extrema direita Reform UK, do polémico Nigel Farage, um dos grandes incentivadores do Brexit, teve uma entrada menor do que o esperado no Parlamento, com quatro assentos, ficando atrás do centrista Partido Liberal Democrata (68 assentos) e dos independentistas escoceses do SNP (oito assentos), e igualando os Verdes e o Plaid Cymru, o partido nacionalista galês.

Se as estimativas se confirmarem, Starmer não superará o recorde de deputados trabalhistas (418) alcançado por Tony Blair em 1997, quando ele encerrou 18 anos de governos conservadores.

Starmer, que aproximou o seu partido de posições mais ao centro após a derrota trabalhista nas eleições de 2019 do seu antecessor Jeremy Corbyn, de linha mais esquerdista, fez uma campanha pela "mudança" menos radical que a do seu antecessor.

O líder trabalhista prometeu uma gestão cautelosa da economia, dentro de um plano de crescimento a longo prazo que inclui fortalecer os criticados serviços públicos, especialmente o sistema de saúde.

Já Rishi Sunak deixa o cargo menos de dois anos depois de ter sido nomeado primeiro-ministro, em outubro de 2022, quando assumiu após um mandato desastroso em nível económico, de apenas 49 dias, de Liz Truss, que tinha substituído no cargo Boris Johnson, envolvido num escândalo de festas na residência oficial durante a pandemia de covid-19.

O Partido Conservador, mergulhado em conflitos internos e em profunda crise, esteve no poder desde maio de 2010, primeiro com David Cameron como primeiro-ministro, seguido por Theresa May e depois Boris Johnson.

O Brexit em 2020 e as suas consequências para a economia britânica, a pandemia de covid-19, o aumento do custo de vida e as críticas ao funcionamento do serviço de saúde, com longas listas de espera, acabaram por cobrar o seu preço aos conservadores.