Com 76,4 pontos de um máximo de 100, Portugal encontra-se entre os 30 países mais sustentáveis do mundo, segundo o relatório, que avalia o desempenho de 162 países nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) adotados na Agenda 2030.
Dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, Portugal está a cumprir da melhor forma o sétimo, de energias renováveis e acessíveis, que deve garantir o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e modernas para todos.
Este ODS foi medido com a percentagem da população com acesso a eletricidade, percentagem da população com acesso a combustíveis limpos e tecnologia para cozinhar, quantidade de dióxido de carbono (CO2) lançado pela queima de combustíveis ou eletricidade e a percentagem de energia renovável utilizada no consumo de energia.
Os dados também são considerados favoráveis, apesar de existirem alguns obstáculos, na saúde de qualidade (objetivo 3), trabalho digno e crescimento económico (ODS 8) e cidades e comunidades sustentáveis (ODS 11).
Segundo o relatório, o país continua com grandes desafios na erradicação da fome e nos objetivos 12, 13 e 14: produção e consumo sustentáveis, ação climática e proteção da vida marinha, respetivamente.
À semelhança da maioria dos países, Portugal tem tido um desempenho negativo no objetivo 13, da ação climática, que consiste em adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas nas políticas, estratégias e planeamentos nacionais.
A ação climática foi avaliada pela emissão de CO2 na atmosfera e produção de dióxido de carbono nos produtos importados e exportados.
Os 10 países com desenvolvimento mais sustentável são membros da União Europeia.
O primeiro da lista é a Dinamarca, com 85,2 pontos. Suécia, Finlândia, França e Áustria são os países que se seguem. Nos 10 melhores entram também Alemanha, República Checa, Noruega, Holanda e Estónia.
O relatório de desenvolvimento sustentável, produzido por uma equipa de 15 especialistas independentes eleitos pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, é o primeiro a avaliar o cumprimento dos ODS, adotados há quatro anos.
Intitulado “O Futuro é agora: Ciência para atingir desenvolvimento sustentável”, o documento de 480 páginas vai ser lançado oficialmente no fórum político de alto nível para o desenvolvimento sustentável da ONU (SDG Summit), que se realiza em 24 e 25 de setembro em Nova Iorque.
Os cientistas consideram que o progresso feito nos últimos 20 anos está em risco de se reverter devido a desigualdades sociais e declínios “potencialmente irreversíveis” no ambiente.
De forma geral, o relatório conclui que as mudanças e o desenvolvimento sustentável do mundo são demasiado lentos e não vão garantir o cumprimento dos ODS até 2030.
A ONU considera que os países em desenvolvimento precisam de crescer de forma mais rápida, mas que crescer sem preocupação pelos impactos ambientais (“crescer primeiro e limpar mais tarde”) não é uma opção.
Já os países desenvolvidos necessitam de alterar as dinâmicas de produção e consumo, com limitação de combustíveis fósseis e plástico e com incentivos ao investimento público e privado alinhado com objetivos de desenvolvimento sustentável.
A ciência e a política devem assumir os papéis mais relevantes para a transformação de quatro áreas mais importantes da relação humana com a natureza, que atualmente estão em “disfunção”: o uso de recursos naturais, o sistema alimentar, a produção e o consumo, e a sustentabilidade das cidades, que em 2050 serão habitadas por dois terços da população.
A formação, educação e consciencialização humana formam outro dos temas que os especialistas aconselham para o desenvolvimento sustentável.
O relatório apela para o acesso universal a serviços básicos como saúde, higiene, saneamento, educação, habitação e segurança como pré-requisitos para a erradicação da pobreza e avanços no bem-estar humano, com especial atenção às pessoas com deficiências e outros grupos vulneráveis.
Para os especialistas, também é importante que aumentem os esforços para o fim da discriminação contra certos grupos da população e que se criem mais uniões, organizações não-governamentais e grupos femininos, que serão atores importantes para criar formas de implementar os ODS.
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