"O Presidente da República recebeu do Primeiro-Ministro as propostas de exoneração, a seu pedido, do Ministro de Estado e das Finanças, Professor Doutor Mário Centeno, e de nomeação, em sua substituição, do Professor Doutor João Leão", lê-se na nota publicada na página da Presidência da República.
"O Presidente da República aceitou as propostas, realizando-se a cerimónia da posse no dia 15 de junho, às 10 horas", completa o comunicado.
Tomando posse nesta data, João Leão, deixando de ser o secretário de Estado do Orçamento para ser o Ministro de Estado e das Finanças, vai defender a proposta de Orçamento Suplementar do Governo na Assembleia da República a 17 de junho.
Avança a Lusa que Mário Centeno e João Leão estão com António Costa no briefing final do Conselho de Ministros, que aprovou o Orçamento Suplementar, disse à Lusa fonte do Governo.
Para além de Mário Centeno, também Ricardo Mourinho Félix, atual secretário de Estado Adjunto e das Finanças, também vai abandonar o Governo, acompanhando o ministro demissionário. Foi o próprio que confirmou esta saída à RTP3. O jornal Público avança também a saída de Álvaro Novo da secretaria de Estado do Tesouro.
Fonte do executivo disse à agência Lusa que a substituição de Mário Centeno por João Leão "constitui um garante natural de continuidade dos resultados alcançados pela governação em matéria de finanças públicas".
De acordo com a mesma fonte, o ainda secretário de Estado do Orçamento possui "um sólido conhecimento da economia portuguesa, tendo liderado o Gabinete de Estudos do Ministério da Economia durante cinco anos, durante a vigência de distintos governos".
Já no que respeita ao ministro cessante de Estado e das Finanças, Mário Centeno, anuncia formalmente na próxima quinta-feira que não é candidato a novo mandato à frente do fórum informal de ministros das Finanças da zona euro, o Eurogrupo. O atual mandato termina a 13 de julho.
Avança o Observador que esta foi a data escolhida para a substituição por ser antes do final para serem apresentadas as candidaturas à presidência do Eurogrupo, a 11 de junho. Na prática, tal significará que Centeno não se vai recandidatar ao cargo, mas que João Leão poderá fazê-lo.
Há um mês, o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung adiantava que Centeno tinha decidido não se candidatar a um segundo mandato como líder do Eurogrupo, mas o ministro das Finanças sempre se recusou a revelar qual a sua decisão.
Eleito em dezembro de 2017, Mário Centeno sucedeu ao holandês Jeroen Dijsselbloem na presidência do Eurogrupo em janeiro de 2018, para um mandato de dois anos e meio, que expira assim em julho próximo.
A saída de Mário Centeno ocorre perante a especulação de uma possível candidatura ao cargo de Governador do Banco de Portugal e depois de uma polémica por si protagonizada junto do primeiro-ministro, António Costa, quanto ao anúncio da transferência de 850 milhões de euros do Estado para o Fundo de Resolução para capitalizar o Novo Banco
A 13 de maio, depois de António Costa ter admitido dar uma informação errada, no parlamento, sobre a operação, e Marcelo Rebelo de Sousa dito que o primeiro-ministro esteve “muito bem”, Mário Centeno reuniu-se com António Costa em São Bento.
Já perto da meia-noite, o gabinete do primeiro-ministro emitiu um comunicado no qual António Costa afirmava manter “a confiança pessoal e política” em Mário Centeno, contando com o ministro para a elaboração do orçamento retificativo.
Um estudo da Eurosondagem, para o semanário Sol e o Porto Canal, publicado no passado dia 6 de junho, a preferência de 55,5% dos entrevistados quanto à permanência de Centeno enquanto ministro do executivo liderado por António Costa, contra 25,2% que apoiam a sua ida para governador do Banco de Portugal e 19,3% que têm dúvidas, não sabem ou não quiseram responder.
Quem é João Leão
João Leão é doutorado em Economia pelo Massachusetts Institute of technology (MIT) e integrou a equipa económica de António Costa logo em 2015, tendo feito parte do grupo de economistas que preparou o cenário macroeconómico e que acompanhou o programa eleitoral do PS.
Secretário de Estado do Orçamento desde novembro de 2015, João Leão tem sido responsável pela política orçamental dos governos de António Costa.
Antes, entre 2010 e 2014, já tinha sido Diretor do Gabinete de Estudos do Ministério da Economia e assessor do Secretário de Estado Adjunto da Indústria e do Desenvolvimento, entre 2009 e 2010.
Mário Leão desempenhou, ainda, as funções de presidente da Comissão Científica do Departamento de Economia do ISCTE, entre 2009 e 2010, e de diretor do Doutoramento em Economia, entre 2011 e 2012.
Entre 2010 e 2014 foi membro do Conselho Económico e Social e do Conselho Superior de Estatística. Integrou, também, a delegação portuguesa no Comité de Política Económica da OCDE, em 2010 e 2012.
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