“É crucial ficar no Donbass (…). A defesa da região é essencial para dar uma indicação de quem vai dominar [no terreno] nas próximas semanas”, realçou o Presidente ucraniano no seu discurso noturno diário à nação, divulgado na rede social Telegram.

Zelensky reforçou a necessidade de “aguentar”, enquanto os russos avançam gradualmente no Donbass, ao ponto de praticamente controlarem a região de Lugansk.

Os combates em Severodonetsk e Lyssychansk, duas cidades com cerca de 100.000 habitantes antes do conflito, estão a decorrer há vários dias, sendo que a conquista destas localidades pelos militares russos permitiria a Moscovo atacar Sloviansk, na região de Donetsk, cerca de 70 quilómetros.

“Quanto mais o inimigo sofrer perdas lá, menos força terá para continuar sua agressão”, sublinhou Zelensky.

No entanto, o chefe de Estado ucraniano apontou que o seu Exército “sofreu perdas pesadas na região de Kharkiv (leste), onde “as forças russas estão a tentar fortalecer a sua posição”.

As autoridades de Lugansk disseram esta terça-feira que as tropas russas controlam cerca de 80% da cidade de Severodonetsk e destruíram todas as três pontes que ligam a cidade ao exterior.

Cerca de 12.000 pessoas permanecem em Severodonetsk, que tinha 100.000 habitantes antes da invasão russa, e mais de 500 civis estão abrigados na fábrica de produtos químicos Azot, que está a ser atacada pelos russos, segundo Haidai.

Já em Kherson, no sul da Ucrânia, outra zona de intensos combates, Zelensky assegurou que as forças ucranianas continuam a “exercer pressão sobre os ocupantes”.

“O objetivo principal é a libertação de Kherson”, uma cidade ocupada pelos russos desde o início do conflito, no final de fevereiro, atirou.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 15 milhões de pessoas de suas casas — mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou que 4.432 civis morreram e 5.499 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 111.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.