Agendada para Paris, a reunião do Grupo Internacional de apoio ao Líbano (GIS), copresidida por França e pelas Nações Unidas, tem como objetivo “permitir à comunidade internacional apelar a uma rápida formação de um governo eficaz e credível, que tome as decisões necessárias para a recuperação da situação económica [do país] e que responda às aspirações expressadas pelos libaneses”, referiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, num comunicado.
“Trata-se de especificar as condições necessárias e as reformas indispensáveis esperadas do lado das autoridades libanesas para que a comunidade internacional possa acompanhar o Líbano”, prosseguiu a nota informativa do Quai d’Orsay (sede da diplomacia francesa).
Desde 17 de outubro que o país é palco de manifestações populares exigindo a saída do conjunto da classe dirigente, considerada corrupta e incapaz de retirar o Líbano da precária situação económica e financeira em que se encontra.
O detonador dos protestos, dos maiores em anos, foi a decisão do governo de impor novos impostos no quadro do seu programa de austeridade, taxando, por exemplo, as chamadas e mensagens através da aplicação WhatsApp.
O movimento de contestação levou à renúncia ainda em outubro do primeiro-ministro, Saad Hariri, mas as negociações para a formação de um novo executivo têm-se arrastado para o desespero do povo libanês.
As consultas parlamentares para escolher um novo chefe de governo, agendadas inicialmente para hoje pela Presidência libanesa, foram, entretanto, adiadas em uma semana.
A contestação nas ruas e o atual impasse político agravaram a situação económica do país, com crescentes restrições bancárias, falta de liquidez e receios de uma desvalorização da moeda, indexada ao dólar desde 1997.
O Líbano tem uma dívida de mais de 86 mil milhões de dólares (77,7 mil milhões de euros), que representa 150% do produto interno bruto (PIB), e, segundo o Banco Mundial, o crescimento económico do país deve recuar 0,2% este ano.
Cerca de um terço dos libaneses vive abaixo do limiar de pobreza e o desemprego, que atinge mais de 30% da população jovem, tem aumentando de modo consistente nos últimos anos, de acordo com o Banco Mundial.
Na sexta-feira passada, o primeiro-ministro libanês demissionário, Saad Hariri, apelou a uma ajuda financeira junto de vários países árabes e ocidentais.
Em abril de 2018, a comunidade internacional comprometeu-se numa conferência em Paris a conceder empréstimos e doações de mais de 11 mil milhões de dólares (9,9 mil milhões de euros), em contrapartida de reformas.
Os montantes não têm sido desbloqueados por falta de progresso ao nível das reformas devido aos bloqueios políticos no Líbano.
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