Em declarações à Lusa, o vereador Vladimiro Feliz afirmou que o acordo de governação “começou a um bom ritmo”, com a concretização de algumas das medidas do PSD, mas que foi perdendo força, sobretudo quanto à obra de reversão das avenidas Brasil e Montevideu.

“Sendo o PSD um partido de palavra, se tivéssemos ganhado a Câmara do Porto a decisão seria a reversão. Neste momento, não depende de nós e obviamente que o acordo perdeu força assim que o presidente [Rui Moreira] conseguiu maioria no executivo”, disse, referindo-se à remodelação feita no executivo em fevereiro de 2022.

Com a remodelação, Rui Moreira, que foi reeleito a 26 de setembro de 2021 presidente da Câmara do Porto, recuperou a maioria no executivo, ao atribuir um pelouro à antiga vereadora socialista Catarina Santos Cunha.

Para Vladimiro Feliz, que encabeçou as listas do partido nas últimas eleições autárquicas, apesar dos esforços dos vereadores com os pelouros do Ambiente e Urbanismo não existe "vontade de mudar".

"Estivemos disponíveis para ouvir soluções que visassem melhorar a situação, não éramos irredutíveis na reversão”, referiu, dizendo ser “o momento de assumir” que as posições das duas forças políticas são diferentes.

“Fica claro ao dia de hoje que temos posições diferentes sobe o tema, já ficou claro na junta de freguesia, em que os nossos autarcas votaram contra. É importante que a cidade saiba de uma vez por todas que temos visões diferentes sobre o tema", acrescentou.

Também em declarações à agência Lusa, o vereador e presidente da concelhia do PSD do Porto, Alberto Machado, destacou que a reversão daquela artéria "não era absolutamente consensual" no seio do PSD, nem mesmo do movimento independente.

De acordo com Alberto Machado, o PSD solicitou, entretanto, um estudo sobre o impacto dos projetos do metrobus e da via Nun’Álvares nas avenidas Atlânticas e, por esse motivo, não pretende “que se gaste lá dinheiro”.

"Agora há, efetivamente, uma posição da nossa parte, e, portanto, se essa medida ainda não avançou foi porque pedimos à câmara para estudar antes os impactos que estas duas questões vão ter na mobilidade da zona”, referiu, dizendo discordar "em absoluto" que se invista mais dinheiro público naquela via.

"O que discordo em absoluto é que se gaste ainda mais dinheiro público naquela via e que depois se tenha de fazer outra vez porque a compatibilização com as duas obras vai alterar completamente os fluxos”, acrescentou.

Para Alberto Machado, será “perfeitamente viável” encontrar uma solução para as avenidas Atlânticas até ao final do mandato.

Apesar da falta de consenso nesta matéria, os dois vereadores fazem um balanço positivo de outras medidas como a redução do IRS, a redução da tarifa da água, a rede de creches e o reforço de verbas, bem como de competências para as juntas de freguesia.

No entanto, voltam a discordar quanto às prioridades para o próximo orçamento municipal.

À Lusa, Alberto Machado afirmou que o partido está já a trabalhar para que em 2024 "o princípio que levou à elaboração do acordo possa cumprir-se uma vez mais", considerando como prioritárias as componentes fiscal, social, ambiental e de mobilidade, mas também a segurança e os sem-abrigo.

Já para Vladimiro Feliz, "mais do que negociar é importante perceber o que foi conseguido" nestes dois anos.

"É prioritário perceber porque não basta incluir medidas no orçamento, é preciso que elas aconteçam", defendeu.

O movimento independente e o PSD celebraram a 13 de outubro de 2021 um acordo de governação e acordaram medidas para os quatro anos de mandato.

Entre as medidas que estiveram na base do acordo destacam-se a redução da carga fiscal, a transferência de competências, a mobilidade, criação de uma rede de creches e a reversão das avenidas Atlânticas.