Em declarações à agência Lusa, Ricardo Sá Fernandes revelou que "ainda não falou" com Carlos Cruz, e que não sabe quando o ex-apresentador de televisão sairá efetivamente em liberdade, após o trânsito em julgado da decisão da Relação.

A defesa de Carlos Cruz recorreu para o Tribunal da Relação de Lisboa da decisão do Tribunal de Execução de Penas, que rejeitara um pedido do ex-apresentador para sair em liberdade condicional, apesar de já ter cumprido dois terços da pena de seis anos de prisão a que foi condenado, por crimes de abuso sexual a jovens da Casa Pia.

Ricardo Sá Fernandes disse "congratular-se" com a decisão da Relação de Lisboa, que "abre uma nova linha de jurisprudência".

O advogado salientou que Carlos Cruz inicia agora "uma nova etapa", mas que a "batalha" principal incide no recurso da defesa para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH), onde irá, em breve, fazer as alegações.

"Esse é o grande objetivo", salientou Ricardo Sá Fernandes, dizendo ser importante que Carlos Cruz possa continuar a lutar para provar a sua inocência em liberdade.

Carlos Cruz nunca admitiu a culpa, nem mostrou arrependimento, tendo sido esses os motivos que levaram o Tribunal de Execução de Penas a recusar-lhe a liberdade condicional, em março passado.

O antigo apresentador tem estado a cumprir a pena de prisão no Estabelecimento Prisional da Carregueira, Sintra, e já teve direito a duas saídas precárias, em dezembro de 2015 e em março deste ano.

A decisão da Relação de Lisboa foi tomada pelos desembargadores Adelina Barradas Oliveira (relatora) e Jorge Raposo (adjunto).

No processo Casa Pia, relacionado com abusos sexuais de alunos e ex-alunos da instituição, foram ainda condenados o antigo motorista casapiano Carlos Silvino (15 anos de prisão), o médico Ferreira Dinis (sete anos), o antigo provedor-adjunto da instituição Manuel Abrantes (cinco anos e nove meses) e o embaixador Jorge Ritto (seis anos e oito meses).