No início de julho deste ano deu-se o arranque do julgamento de Ricardo Salgado. O ex-banqueiro, de 77 anos, nunca marcou presença no Tribunal Central Criminal de Lisboa, com base nas regras de prevenção da covid-19, e mais tarde os seus advogados de defesa apresentaram um atestado médico a alegar o diagnóstico de Doença de Alzheimer e a pedir a suspensão do julgamento, que foi indeferido, com o julgamento a prosseguir em janeiro de 2022.

Agora, o Ministério Público quer saber se, dada a situação clínica, Salgado já arranjou tutor.

De acordo com o jornal Público, esta é uma figura prevista na lei para acompanhar quem já não se encontra na posse de todas as suas faculdades.

Segundo os juízes responsáveis pelo julgamento, o diagnóstico não prova que Ricardo salgado esteja mental ou fisicamente ausente, pelo que não está impedido de compreender o significado do julgamento em curso. Assim, alegam que pode comparecer em tribunal para apresentar a sua versão dos factos.

Em outubro, o advogado de Ricardo Salgado criticou a decisão do coletivo de juízes de não suspender o julgamento do ex-banqueiro, depois de ter sido apresentado o atestado médico que certificava o diagnóstico de Doença de Alzheimer do arguido.

“A doença de Alzheimer não é uma opção de um arguido, não é uma opção de uma pessoa. Não é o arguido que decide ter Alzheimer, não foi o doutor Ricardo Salgado que decidiu ter esta doença, não foi o doutor Ricardo Salgado que decidiu autolimitar o seu direito de defesa, a sua possibilidade de prestar declarações, é a doença de Alzheimer que, infelizmente, afeta milhares de pessoas em Portugal”, afirmou.

Apesar de nunca ter estado no tribunal, sabe-se que o ex-banqueiro passou este Natal na Suíça, com familiares, tendo sido autorizado pelo tribunal a viajar — e só vai regressar a Portugal a 3 de janeiro. Já em julho Salgado tinha estado de férias na Sardenha.

Ricardo Salgado responde neste julgamento por três crimes de abuso de confiança, devido a transferências de mais de 10 milhões de euros no âmbito da Operação Marquês, do qual este processo foi separado.