“O dr. Santana Lopes faz parte da história do PSD e faz parte muito mais por bons episódios e bons motivos do que por motivos menos bons, isso é absolutamente inquestionável. Portanto é, como agora se diz, um ativo que o partido perde, se ele sair”, afirmou Rio em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que hoje decorreu no Porto.
Para Rio, que disputou com Santana Lopes as últimas eleições para a liderança do PSD, este é “um militante especial”, que “foi presidente do partido” e “foi candidato muitas vezes”.
“Está cá quase desde o 25 de abril, portanto é uma figura que todos nós acarinhamos dentro do partido. Se agora o futuro ele deseja estar fora do PSD, aí não tenho nenhum comentário a fazer. Neste caso o futuro a ele pertence”, acrescentou.
Recordando que “ao longo dos anos, por diversas vezes, ele esteve para fazer isto” (sair do PSD), Rui Rio esclareceu que, quer num SMS que lhe enviou, quer numa entrevista que deu, Santana Lopes “teve o cuidado de esclarecer” que uma eventual saída do PSD não acontecia por “nada relativamente a ninguém em específico”, nomeadamente o atual líder do partido.
“Disse isso preto no branco”, salientou Rui Rio, acrescentando não ter ainda falado com Santana sobre o assunto, mas garantindo que irá “falar, naturalmente”.
O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes assegurou na semana passada, em entrevista à Visão, que a sua intervenção política no PSD “acabou”, mas sem esclarecer se se irá desfiliar deste partido e se pretende fundar uma nova formação política.
“A minha intervenção política não se fará mais dentro do PSD, isso acabou”, afirmou, comparando a sua relação com o partido que já liderou a um casal que deixa de viver junto.
Questionado se pretende desfiliar-se do PSD, respondeu: “Ainda não sei de que modo vou formalizar (…). Não desisti nem desisto de lutar pelo meu país. Agora, tenho de ver qual é o melhor modo para contribuir, para lutar pelo meu país”.
“Com intervenção política no PSD, não. Isso acabou. Mas acabou mesmo”, acrescentou, justificando que foi para “clarificar” que se candidatou pela última vez à liderança do partido contra Rui Rio em janeiro deste ano, saindo derrotado com 46% dos votos.
Santana Lopes assegura que esta decisão de ‘romper’ com o PSD “nada tem a ver com Rui Rio”, a quem deseja felicidades. No entanto, apontou uma aproximação “incontestável” do PSD ao PS e diz temer que se esteja perante um cenário político de “hegemonia do PS” e “balanceado à esquerda”, com consequências negativas em matérias fraturantes como a eutanásia.
À pergunta se admite criar um novo partido, a resposta também não foi taxativa, embora tenha admitido que já por “várias vezes” pensou que seria melhor criar uma nova organização partidária em que pudesse sentir-se “mais à vontade para ter a intervenção política” que entende ser adequada.
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