"O que ele [o ministro das Finanças, Mário Centeno] está a dizer é que o discurso oficial do Governo não é verdade. Porque agora faz uma coisa exatamente ao contrário. Na hora da verdade, não tem dinheiro para isto, não tem dinheiro para aquilo, não tem dinheiro para aqueloutro", disse Rui Rio, que reagia à entrevista do ministro das Finanças ao Público na segunda-feira na qual advertiu os partidos de que "não é possível pôr em causa a sustentabilidade de algo que afeta todos, só por causa" da contabilização do tempo de serviço dos professores.
Rui Rio referiu-se ao "discurso do Governo" do "milagre económico", de que "a economia está fantástica, que a austeridade acabou" para concluir que, na entrevista, o ministro das Finanças "está a dizer que nada disso é verdade".
"O nosso povo costuma dizer que 'se apanha mais depressa um mentiroso do que um coxo' e o discurso oficial do Governo do milagre económico e de que acabou a austeridade está comprovado que não é assim", sustentou.
Apesar disso, o líder social democrata manifestou-se de acordo com a posição de Centeno, considerando que o Orçamento do Estado "tem de ser uma peça equilibrada e Portugal não pode voltar a cometer os erros que cometeu no passado".
"Uma coisa é termos isso em atenção, que é o que decorre da entrevista. Outra coisa é em que medida a entrevista e o discurso da entrevista batem certo com o discurso oficial do Governo, que promete aquilo que não pode prometer, em que se compromete com aquilo que não se pode comprometer, em que dá esperanças às pessoas e a determinadas camadas profissionais que depois não está capaz de dar", vincou.
Para Rui Rio, "metade do Governo está a fazer o discurso de uma maneira e outra metade a fazer de outra".
O líder do PSD falava aos jornalistas no final de uma visita aos Jogos Europeus Universitários 2018, que decorrem em Coimbra.
Questionado sobre a desvinculação da Câmara do Porto, liderada por Rui Moreira, das decisões da Associação Nacional de Municípios Portugueses, devido ao acordo de descentralização feito com o Governo, Rui Rio optou por não comentar aquele caso concreto, frisando apenas que a transferência de competências para as autarquias "não é nada de obrigatório neste mandato autárquico".
"As câmaras que quiserem assumem as competências e correspondentes envelopes financeiros, as câmaras que não quiserem não assumem. A obrigatoriedade é apenas a partir do próximo ato eleitoral", acrescentou, sublinhando que é "muito difícil arranjar uma decisão mais equilibrada e sensata" do que o acordo de descentralização feito com o Governo.
"Quem não gosta não gosta", salientou, referindo que as autarquias que achem que o dinheiro é pouco "não aceitam" a transferência de competências.
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