"Eu acho que algumas medidas deveriam ser ajustadas. Nós temos votado a favor do estado de emergência, e continuaremos a votar por uma razão muito simples", disse Rio, na noite de terça-feira, numa sessão ‘online’ sobre os desafios de 2021, organizada pela JSD.
O líder do PSD explicou que "aquilo que taticamente dava mais jeito" em termos partidários seria uma abstenção ou o voto contra, mas defende que essa não é a "forma mais honesta de estar nisto".
Na ótica de Rio, "o país precisa da legislação do estado de emergência para o Governo poder tomar as medidas de combate à pandemia", porque esse é "o primeiro objetivo do país neste momento".
"Uma coisa é estarmos ou não estarmos de acordo com as medidas todas do Governo, isso é uma coisa, outra coisa é nós não darmos ao Governo os instrumentos que um Governo, seja ele qual for, precisa para combater a pandemia, que é o nosso inimigo comum", acrescentou.
"Aqui não há abstenções, é um voto a favor. Comprometo-me com uma coisa que o país precisa, não ando cá a esconder-me para depois dizer [que] concordo com isto e discordo daquilo", afirmou igualmente, na véspera da votação de uma nova renovação do estado de emergência, proposta pelo Presidente da República.
Ainda assim, o presidente do PSD considerou que "as coisas têm que afinar", nomeadamente o recolhimento a partir das 13:00 ao fim de semana, o que tem provocado "aglomerados brutais de pessoas" de manhã, por exemplo, nos estabelecimentos comerciais.
"Essa afinação tem de ser feita, não para as pessoas ficarem menos saturadas, infelizmente não pode ser esse o objetivo, tomáramos nós, mas para não haver é tantas aglomerações, para conseguirmos aquilo que se pretende conseguir", ressalvou.
Outro dos aspetos que "o Governo tem de melhorar", prosseguiu o social-democrata, "é a resposta do Serviço Nacional de Saúde", alertando que "a taxa de mortalidade em Portugal subiu brutalmente" em 2020.
No que toca às mortes que não estão associadas à covid-19, Rui Rio apontou que "derivam muito da fraca resposta do Serviço Nacional de Saúde" e lamentou que não tenham sido realizadas nos hospitais públicos "milhões de consultas e milhares de cirurgias", salientando que este é um assunto "do mais sério que pode haver".
Além do combate à pandemia, o presidente do PSD elegeu a retoma da economia como outro dos grandes desafios do país este ano, o que passa "em primeira linha pelas empresas", além de reformas estruturais, da TAP e do Novo Banco.
No que toca à presidência portuguesa da União Europeia, Rui Rio defendeu que o caso da morte do cidadão ucraniano nas instalações do SEF e a polémica em torno da nomeação de José Guerra para procurador europeu "abalam a credibilidade de Portugal" e "fragilizam o Governo".
Para Rio, a presidência portuguesa será também marcada pelo combate à pandemia e relançamento económico, que passa pelos fundos, mas destacou igualmente a cimeira com a Índia e as relações com África, tendo considerado que esta é uma oportunidade para manifestar solidariedade para com Moçambique, que tem sido alvo de ataques terroristas.
O presidente do PSD adiantou igualmente que um deputado social-democrata esteve recentemente no norte daquele país, a região mais afetada, para recolher informações.
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