Num debate na RTP, Rio e Jerónimo até concordaram em objetivos como fazer convergir os salários e a carga horária nos setores público e privado ou promover a natalidade, mas defenderam formas diferentes para os atingir.

Em matéria laboral, Rui Rio voltou a manifestar-se contra a redução das 40 para as 35 horas, mas considerou que, se a medida foi introduzida no setor público, o PSD vai lutar “para que o desenvolvimento económico possa levar essa redução também ao setor privado”, mas não para já.

Em contrapartida, Jerónimo de Sousa recusou o que disse ser “uma visão economicista” do PSD, mas concordou que é justo que privado e público partilhem a mesma carga horária.

Nesta área, o líder do PSD destacou uma proposta que ele próprio fez questão de introduzir no programa do partido e que passa por penalizar pela via fiscal empresas com grandes desigualdades salariais.

“Uma empresa que tem esse fosso enorme, tem a liberdade de o ter, mas vai ter uma penalização fiscal ou para fiscal que incentive a que, quando uma empresa cresce, usufruam todos”, explicou.

O secretário-geral do PCP defendeu que os dois partidos “divergem no tempo e no modo” da valorização salarial.

“Colocamos como emergência nacional a necessidade de valorização dos salários e, particularmente, do Salário Mínimo Nacional”, salientou.

As maiores diferenças entre os dois apareceram na área da saúde, com Rui Rio a defender que o setor privado e social devem ser complementares ao público – “se fizerem mais e melhor” com o mesmo e menor orçamento -, ao contrário do que apontou Jerónimo de Sousa.

“Outro exemplo da divergência de fundo do PSD: para nós a saúde é um direito, tal como a Constituição da República proclama. A proposta do PSD conheceria um ‘chumbo’ porque não há um sistema, mas um Serviço Nacional de Saúde”, acentuou o secretário-geral do PCP.

Foi apenas quando Jerónimo de Sousa disse que o PSD encarava a saúde “como um negócio” que Rui Rio o interrompeu para rejeitar esta visão: “Não, não”.

Num debate em que pouco se falou da governação socialista, Jerónimo de Sousa foi questionado no final pelo moderador António José Teixeira se irá dar, como há quatro anos, um sinal ao PS de que poderá viabilizar um futuro governo liderado pelos socialistas.

“Há coisas que não são repetíveis. Na altura, demos um contributo para resolver um impasse institucional que estava criado. Por isso, continuamos a considerar que há coisas que não são repetíveis e deixemos que os portugueses decidam qual a arrumação de forças”, respondeu.

Por seu lado, Rui Rio assumiu que colocou à direção do PSD a possibilidade de nem sequer ser candidato a deputado e só assumiu o lugar de ‘número dois’ pelo Porto porque "o partido entendeu que tinha de ser".