Hoje, em Vila Franca de Xira, o ministro Mário Centeno, candidato a deputado pelo PS, afirmou, em declarações à Lusa, estar “à espera que o doutor Rui Rio responda” ao seu desafio para debater com ele os quadros macroeconómicos dos dois partidos.
“Não é o doutor Rui Rio que vai determinar com quem é que o candidato Mário Centeno vai debater", respondeu à Lusa, questionado por que motivo não iria debater com o também candidato a deputado pelo PSD, Álvaro Almeida.
No final de uma sessão de perguntas e respostas em Aveiro – iniciativa de campanha que o PSD tem designado de ‘talk’ -, Rio fez questão de responder à notícia que recebeu via telemóvel.
“Já me tinham pedido para tirar Tancos da campanha, só falta agora dizer que não sou eu quem por parte do PSD diz quem vai debater com Mário Centeno. Então vou mandar uma carta ao líder do PS para ele dizer quem do lado do PSD vai debater com o dr. Mário Centeno”, gracejou.
O líder do PSD diz ainda ter esperança que, nas próximas 24 horas, haja uma resposta favorável por parte de Mário Centeno, para que o debate se possa realizar no último dia possível antes das eleições, sexta-feira, já que no sábado é dia de reflexão.
“Vamos todos aguardar, são só mais 24 horas, pode ser que o Mário Centeno aceite cumprir a sua palavra”, desafiou.
Rui Rio relembrou que o PSD indicou primeiro o porta-voz do partido para as Finanças Públicas, Joaquim Sarmento, que não é candidato a deputado, que Centeno recusou por essa razão.
“Depois indicámos um que começa por A , Álvaro Almeida, se ele não gostar passamos para o B, para o C, até ao Z”, garantiu.
Rui Rio avançou até um motivo pelo qual considera que Mário Centeno não está a aceitar este debate.
“A minha intuição é que não faz o debate porque sabe que o que trouxe para a praça pública não corresponde à verdade e, neste momento, perder um debate desse é terrível para o PS. Já perderam muita coisa nas últimas semanas e por isso não querem mais”, afirmou.
Em 30 de setembro, o ministro Mário Centeno e candidato a deputado pelo PS tinha-se mostrado disponível para debater com o presidente do PSD, Rui Rio, ou com um candidato a deputado social-democrata as previsões macroeconómicas dos programas eleitorais dos dois partidos.
"Se houver algum candidato a deputado do PSD, em particular o Dr. Rui Rio, que queira debater estas questões comigo, não terei nenhuma dificuldade em fazê-lo", disse Mário Centeno, nessa ocasião.
A ‘talk’ de hoje, em princípio a última desta campanha, teve por tema “Conversas no Feminino”. Se as perguntas foram todas feitas por mulheres, o tema central foram as finanças públicas, já que Joaquim Sarmento era o convidado especial.
O porta-voz do PSD para as Finanças Públicas lamentou que aparentemente não vá haver debate com Mário Centeno, considerando que “era mais uma oportunidade de esclarecer as diferenças” entre os programas dos dois partidos.
Sarmento rebateu as críticas de que as contas do PSD não são realistas ou de que tem previsões empoladas e disse que gostaria também de analisar o cenário macro do PS, “mas este não é público”.
Antes, falou o mandatário distrital, o antigo ministro Ângelo Correia, que deixou uma forte crítica ao Bloco de Esquerda, considerando que hoje ainda existem constrangimentos à liberdade, mas de forma “mais subtil, não visível e igualmente eficaz” do que em 1975.
“Hoje esse rosto do constrangimento nacional em relação à liberdade chama-se BE: porque culturalmente é produtor da ideia mais mortífera, mais derradeira e pior para uma sociedade, que é o politicamente correto”, acusou, saudando que um dos defeitos que se aponte a Rui Rio seja ser “politicamente incorreto”
Tal como em outras ‘talk’, hoje a plateia – com lugares sentados para cerca de uma centena de pessoas, com algumas de pé, mas que foi esvaziando para o final da sessão de perto de duas horas – teve direito a um ‘sketch’ humorístico.
Hoje, o tema foi a corrupção e houve várias alusões ao processo da Operação Marquês, que envolve o antigo primeiro-ministro José Sócrates: “Não se diz dinheiro, diz-se fotocópias” ou “De repente estou em Paris, compro um apartamento com esse dinheiro, isso é corrupção? Não, é falta de motorista”, foram algumas das deixas.
Também num registo ligeiro, a presidente das Mulheres Sociais-Democratas, Lina Lopes, ofereceu a Rui Rio uma “diaba” de papelão: “É para o proteger de todos os diabinhos que existem por aí”.
Em Aveiro, é cabeça de lista a investigadora Ana Miguel Santos, que foi candidata na lista às europeias no oitavo lugar, acabando por ficar de fora do Parlamento Europeu.
Em 2015, a coligação PSD/CDS-PP elegeu 10 dos 16 deputados escolhidos por este círculo, oito dos quais são sociais-democratas.
(Notícia atualizada às 21h02)
Comentários