"Quando eu era novo, a minha mãe costumava dizer-me 'Há sempre uma coisa certa a fazer. Simplesmente, fá-la'. Sê o tal, Conan. Fá-lo".

É assim que termina a carta aberta que Roger Waters, antigo músico dos Pink Floyd, dirigiu a Conan Osiris, e aos outros 41 finalistas do Festival da Eurovisão, e publicou na sua página oficial no Facebook. Na carta, intitulada “Are You the one?” (És tu o tal?), o músico também elogia o “jovem e talentoso cantor português”.

Roger Waters disse ter sido alertado por amigos de que “Osiris poderia juntar-se à vasta rede de artistas que estão a responder ao apelo palestiniano para boicotarem a Eurovisão”, recusando-se a “atuar perante uma audiência segregada, em Telavive, na final do Festival da Eurovisão, em maio”.

Waters afirmou que ouviu a música de Osiris e obteve uma tradução da letra, “bem profunda”, que era “sobre usar o telemóvel dele para fazer perguntas sobre a vida, a morte e o amor”.

“Então, escrevi-lhe e sugeri-lhe que tinha a oportunidade de falar pela vida, sobre a morte e também pelos direitos humanos, sobre os erros humanos. Como? De pé, lado a lado com seus irmãos e irmãs oprimidos na Palestina. Ele pode demonstrar solidariedade aos 189 manifestantes desarmados mortos a tiros por atiradores de Israel em Gaza no ano passado, incluindo pelo menos 35 crianças”, disse o líder dos Pink Floyd.

Roger Waters sugeriu a Conan Osiris que se recuse “a participar no branqueamento cultural, o qual um recente relatório da ONU chama de crimes de guerra de Israel e possíveis crimes contra a humanidade, abstendo-se de providenciar a sua arte para branquear a sistemática limpeza étnica das comunidades indígenas palestinianas por Israel, para expandir e manter o seu Estado de ‘apartheid’”.

Segundo o músico, Conan não lhe respondeu, talvez porque, segundo “fontes confiáveis” para Waters, o cantor português terá sido “abordado pessoalmente e persuadido a ir à final por uma organização chamada Creative Community for Peace (CCfP)”, uma organização que o cofundador dos Pink Floyd afirma estar ligada “à propaganda do Governo de extrema-direita israelita”, e que usa “uma mistura de ‘bullying’, ameaças e promessas para atingir seus objetivos”.

Roger Waters considera que, entre os 42 finalistas da Eurovisão, o representante português é aquele que tem “amor suficiente no coração para se erguer e fazer a diferença”, ao “defender o lado certo da história”, bastando-lhe, para isso, “fazer a coisa certa” e ser "o tal".