“É uma decisão minha. Há coisas em que tenho de ouvir os órgãos, há coisas em que tenho de ouvir a população, há coisas em que tenho de decidir quando sei que há posições extremadas dos dois lados. Aqui há quem queira e quem não queira [retirar a estátua do largo], as pessoas que se dirigiram a mim sobre esta matéria são pessoas por quem temos de reconhecer que têm o mérito de se atravessarem por isso”, afirmou o autarca.

Em causa está a retirada da estátua “Amores de Camilo” do Largo Amor de Perdição, na sequência de uma petição, com 37 signatários, entre os quais artistas, advogados, curadores e políticos, conforme noticiou o jornal Público na quarta-feira.

A escultura, da autoria de Francisco Simões, está instalada há 11 anos no Largo Amor de Perdição e representa o autor Camilo Castelo Branco abraçado a uma jovem nua, retratando Ana Plácido.

Aos jornalistas, Rui Moreira esclareceu que a decisão surge na sequência da carta que recebeu, que tem entre os signatários “os dois maiores críticos de arte da cidade do Porto”, referindo-se a Bernardo Pinto de Almeida e Miguel Von Hafe Pérez.

“Essas pessoas refletem um sentimento relativamente aquela estátua que corresponde ao meu. Não é por nenhum puritanismo, não é por ser pornográfico, não entendo isso assim. Temos a menina nua e vamos continuar a ter. Se me perguntar, acho que aquilo, de facto, é feio, é de mau gosto, e esta é, de facto, uma decisão do presidente da câmara”, observou, considerando razoável que a estátua seja retirada.

“Não vamos demolir a estátua, não vamos derreter a estátua. Ela sairá dali e amanhã pode vir outro presidente que queira por lá a estátua outra vez”, referiu, dando como exemplo a estátua do Porto que, disse, irá voltar a ser colocada na Sé.

Questionado sobre a outra petição que, entretanto, surgiu contra a remoção da estátua e que contava hoje, pelas 13h00, com 3.525 subscritores, reforçou que esta é uma decisão sua e que a obra será removida para as reservas municipais.

“Boa ideia foi chamarem aquele largo Amor de Perdição, que não se chamava, isso ninguém vai reverter”, acrescentou.