Em entrevista à Antena 1, Rui Rio afirmou que abdica de formar Governo se para tal for necessário incluir o Chega no executivo, disse ser, a título pessoal, “tendencialmente” a favor de uma coligação pré-eleitoral com o CDS-PP e já admitiu manter-se à frente do PSD em caso de derrota nas legislativas.
Questionado sobre os vários cenários de governabilidade, Rio começou por colocar o da vitória do PSD, reiterando que a primeira opção seria dialogar com CDS-PP e IL, se tal permitir maioria no parlamento.
Se tal não for possível, defendeu que o PS, “ao contrário do que aconteceu nesta legislatura, devia estar disponível para negociar no sentido de viabilizar um Governo do PSD”, que teria de ser negociado, num entendimento que Rio gostaria que passasse por “reformas de fundo para o país”.
“Admito que possa ser complicado fazer um acordo parlamentar de legislatura, mas pelo menos metade da legislatura, seria mais sensato. E depois fazer um balanço ao fim de dois anos”, disse, considerando que tal seria “mais estável” do que acordos pontuais “lei a lei ou orçamento a orçamento”.
Questionado sobre o cenário contrário, de um governo minoritário liderado pelo PS, Rio foi claro: “Se eu estou a achar que o PS deve estar disponível para isso, eu tenho de estar disponível para o contrário”, disse, admitindo que este não seja o discurso “ideal” para vencer as eleições internas de 27 de novembro, que disputará com Paulo Rangel.
Na entrevista, Rio afirmou que sempre afastou a possibilidade de formar uma coligação de Governo com o Chega e, uma vez que o líder do partido, André Ventura, tem dito que só dará apoio ao PSD integrando o executivo, “o problema está resolvido, é incompatível”.
À pergunta se deixará de formar Governo se precisar do Chega, Rio respondeu: “Sim, sim, se eu digo coligação não, ele diz que só assim… O problema está resolvido”.
O presidente do PSD foi ainda questionado como poderá viabilizar um executivo minoritário do PS, depois de ter dito que deixaria o cargo se perdesse as legislativas de 30 de janeiro.
“As coisas não são assim a preto e branco. Perguntaram-me das diretas e disse que, com altíssimo grau de probabilidade, acabaria a minha carreira política”, afirmou.
Questionado se não se demite caso vença as diretas, mas depois perca as legislativas, Rio respondeu que “isso vai depender de diversos fatores”.
“O PSD está a fazer uma coisa abstrusa, de estar em processo eleitoral interno com legislativas à porta. Quando chegarmos a 30 de janeiro tivemos antes diretas e congresso, quer fazer outra vez diretas em março ou abril? É isso que não faz sentido”, afirmou.
Em entrevista à TVI em 04 de novembro, Rui Rio tinha afirmado que, se for ele o candidato do PSD a eleições legislativas e perder, apenas permanecerá no cargo “um, dois meses” até o partido se ajustar, mas não ficará “mais quatro anos à espera de eleições”.
“Ou eu sou primeiro-ministro ou é a última eleição da minha vida, já tive muitas e não fugi”, afirmou então.
À Antena 1 e questionado sobre a possibilidade de uma coligação pré-eleitoral com o CDS, caso vença as diretas, Rio afirmou que, se dependesse apenas de si, “tendencialmente estaria mais para o sim que para o não”, dizendo ter “simpatia pessoal” por Francisco Rodrigues dos Santos.
No entanto, admitiu que teria de ouvir a opinião do partido e que tal poderá ser dificultado pelo calendário interno, assegurando que, se vier a acontecer, não irá “negociar com o CDS com base em sondagens”.
Sobre o seu adversário nas diretas do PSD, Rio rejeita que a candidatura de Paulo Rangel possa ser considerada um assalto ao poder - “pode estar em causa A lealdade” -, pelo menos do próprio, mas avisadno que à volta do eurodeputado os seus apoiantes só pensam numa coisa, “a lista de deputados” às próximas legislativas.
Sobre listas de deputados, que têm de ser entregues a 20 de dezembro (um dia depois de terminar o Congresso do PSD), adiantou que a direção nacional irá divulgar em breve “um cronograma” sobre o processo.
Rio assegurou que, apesar de repetir que Rangel não está preparado para ser primeiro-ministro, votará no PSD mesmo que perca as diretas e irá manter-se em silêncio durante a campanha eleitoral.
“Se Paulo Rangel vencer as diretas, eu vou estar obviamente calado, não vou fazer aos meus adversários aquilo que eles me andaram a fazer durante quatro anos”, disse.
(Artigo atualizado às 11:44)
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