"Se estava mal, com esta prestação na Assembleia da República, Centeno ainda ficou pior. Não tem condições para continuar! Mal vai um primeiro-ministro que mantém um ministro que não lhe foi leal, que tem a crítica pública do Presidente da República, que a bancada do PS não defendeu e que diz ser irresponsável fazer o que o primeiro-ministro anunciou", defendeu Rio, numa publicação na sua conta oficial da rede social Twitter.

Hoje, em audição parlamentar, o ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno, afirmou que a transferência de 850 milhões de euros para o Fundo de Resolução destinado à recapitalização do Novo Banco não foi feita à revelia do primeiro-ministro.

"Não, não foi à revelia, não há nenhuma decisão do Governo que não passe por uma decisão conjunta do Conselho de Ministros", disse Mário Centeno numa audição regimental da Comissão de Orçamento e Finanças (COF) do parlamento.

Mário Centeno afirmou ainda que "não há transferências nem empréstimos feitos à revelia de ninguém", explicando que "a ficha de apoio ao senhor primeiro-ministro chegou com um par de horas de atraso, e o senhor primeiro-ministro, quando deu a resposta que deu, não tinha à frente dele a informação atualizada".

O presidente do PSD afirmou também que, na sua opinião, o ministro das Finanças "não tem condições" para debater quinta-feira o Programa de Estabilidade no parlamento, mas remeteu para o primeiro-ministro a avaliação sobre a situação de Mário Centeno.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Rui Rio verbalizou as críticas que já tinha deixado antes numa publicação no Twitter, em que defendeu que Mário Centeno "não tem condições para continuar" no Governo e que será "uma má decisão" se António Costa o mantiver no executivo.

"Ele não foi leal ao primeiro-ministro, ele já tem uma crítica pública do Presidente da República e, hoje à tarde, no debate no parlamento a bancada do PS não o defendeu, limitou-se a criticar o passado para não ter de ficar calado", disse.

O líder do PSD referiu-se ainda à audição parlamentar de Mário Centeno, hoje de manhã: "Disse que seria irresponsável não se pagar [ao Fundo de Resolução] e esperar pela auditoria [ao Novo Banco]. Ao dizer isto, está a considerar que quer o primeiro-ministro quer o Presidente da República foram irresponsáveis".

Questionado se essa demissão deve acontecer antes do debate, na quinta-feira, do Programa de Estabilidade, Rio remeteu a avaliação do `timing´ para o primeiro-ministro.

No entanto, à pergunta se Mário Centeno terá condições para protagonizar esse debate, o líder do PSD foi claro.

"Eu pessoalmente acho que não tem, mas veremos se ele vem ou não, veremos quem é que o Governo manda amanhã para o Programa de Estabilidade", disse.

Rio fez questão de salientar que esta posição reflete "o que faria se estivesse no lugar do primeiro-ministro".

"Não é a oposição que faz remodelações, depois há um juízo político sobre o primeiro-ministro se mantém em funções um ministro das Finanças que tem este comportamento", afirmou.

Instado a comentar as palavras do Presidente da República, que considerou que o primeiro-ministro "esteve muito bem" ao remeter nova transferência para o Novo Banco para depois de se conhecerem as conclusões da auditoria que abrange o período 2000-2018, Rio destacou a experiência política de Marcelo Rebelo de Sousa.

"O senhor Presidente da República anda na política há muito mais anos que eu e tem o cargo que tem, não vai fazer uma afirmação gratuita, está obviamente a fazer uma critica à opção do ministro das Finanças", considerou.

Questionado se não teme as consequências de uma demissão do titular da pasta do ministro das Finanças numa situação de crise económica provocada pela pandemia de covid-19, o líder do PSD admitiu que "não é desejável".

"Temo, é evidente que temo, é evidente que isto não é desejável, mas se fosse há um mês talvez fosse pior. Agora já há condições para fazer as coisas de outra forma", afirmou, reiterando que Mário Centeno se colocou a si próprio "numa situação absolutamente insustentável".

"Se já não estava bem, hoje ficou manifestamente pior", acrescentou.

O Expresso noticiou no dia 07 de maio que o Fundo de Resolução recebeu mais um empréstimo público no valor de 850 milhões de euros destinado à recapitalização do Novo Banco.

Esta notícia surgiu depois de António Costa ter assegurado nesse mesmo dia no debate quinzenal no parlamento que não haveria mais ajudas ao Novo Banco até que os resultados da auditoria em curso fossem conhecidos.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro disse não ter sido informado pelo Ministério das Finanças do pagamento de 850 milhões de euros e que já tinha pedido desculpa ao Bloco de Esquerda pela informação errada transmitida durante o debate quinzenal.

Hoje, durante uma visita conjunta com o primeiro-ministro à fábrica da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "o senhor primeiro-ministro esteve muito bem no parlamento quando disse que fazia sentido que o Estado cumprisse as suas responsabilidades, mas naturalmente se conhecesse previamente a conclusão da auditoria".

Questionado se considerava que, então, o ministro das Finanças esteve mal, o Presidente da República retorquiu: "Não, significa aquilo que eu disse: há uma auditoria que tinha sido anunciado que estaria concluída em maio deste ano, respeitando a 2000-2018, para os portugueses não é indiferente cumprir compromissos com o conhecimento exato do que se passou num determinado processo ou cumprir compromissos e mais tarde vir a saber como é que foi esse processo até 2018".

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