“O país não precisa que eu faça demagogia, para isso estão cá outros. O que pretendo é defender ao máximo o emprego e os salários. E se vamos para lá das possibilidades que temos, estamos a criar mais falências, mais desemprego e mais infelicidade às pessoas, à custa de uma demagogia na qual não entro”, afirmou, em Faro, á margem de uma visita à Universidade do Algarve.

Rui Rio defendeu saber que “viver com 635 euros é pouco”, mas sublinhou que “viver com 400, 500 ou estar no desemprego é muito pior”, reforçando a ideia de que “infelizmente, tendo em conta o que se passou no país”, é necessário “ter os pés assentes na terra”.

O presidente dos social-democratas sustentou que “é preciso defender todos, particularmente, os mais desfavorecidos”, o que significa “defender o emprego” e evitar que as empresas “fechem em catadupa”.

“Criar mais custos às empresas quando elas quase não têm receita não me parece a melhor via”, frisou Rui Rio, depois de na quarta-feira ter criticado, na Assembleia da República, a intenção do PS em aumentar o salário mínimo nacional (SMN).

Na sequência dessa crítica, na abertura do debate temático sobre o Plano de Recuperação e Resiliência, o primeiro-ministro afirmou-se perplexo, defendendo que as empresas do futuro não são as empresas dos baixos salários.

Questionado hoje pelos jornalistas sobre a alteração da sua posição sobre o aumento do SMN, Rui Rio notou que o defendia “quando a taxa de desemprego era baixíssima” e a “economia estava a crescer”, sendo na altura possível “pressionar os salários para cima”, mesmo aumentando a taxa de desemprego em “0,5% ou 1%”.

“Outra coisa completamente diferente é termos uma taxa de desemprego muito alta e que está a subir e a economia que levou um tombo como não há numa memória recente. Se, em cima disto, com as empresas que pouco vendem e nem sempre recebem pela crise das outras empresas, estamos a acelerar os custos dessas empresas, é gravíssimo. Não podemos comparar o que não é comparável” concluiu.