“Vamos ser claros e vamos deixar-nos de hipocrisias. O PSD, efetivamente, vai apresentar uma proposta de alteração ao sigilo bancário e que tem, fundamentalmente, a ver com a forma como, do meu ponto de vista, se está a ler erradamente aquilo que é o sigilo bancário”, disse o líder social-democrata, em Beja.

Segundo Rui Rio, aquilo que o PSD está “a pedir é o conhecimento daquelas entidades, daquelas pessoas, daquelas empresas, que ficaram a dever dinheiro à Caixa Geral de Depósitos (CGD) e que não pagam”, ou seja, o que interessa ao partido é conhecer “o incumprimento”.

“Não é saber quanto dinheiro devem, neste momento, as empresas à CGD e que estão a cumprir”, sendo que este assunto “deve estar no quadro do sigilo bancário”, mas sim quem são os incumpridores, esclareceu.

“Os portugueses tiveram de pagar milhões e milhões e milhões de euros, biliões de euros, para crédito mal dado que, neste momento, é incobrável e que gerou imparidades. E nós queremos saber quem são esses” devedores, sublinhou.

À margem das visitas que está hoje a efetuar em Beja, no âmbito das comemorações nacionais do 44.º aniversário do partido, que decorrem naquela cidade alentejana até sábado, o presidente do PSD foi questionado pelos jornalistas sobre as declarações do presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, na quinta-feira.

Paulo Macedo disse que o banco não aceita ser discriminado negativamente, ao ser o único a ser solicitado quanto aos dados dos maiores devedores.

Rui Rio admitiu hoje que “haverá, eventualmente, uma leitura abusiva” daquilo que o PSD pretende ter acesso, mas esclareceu que a situação, no seu entendimento, “não tem nada a ver com sigilo bancário”.

“O que nós queremos saber não é aqueles que têm créditos e pagam e cumprem. Coisa absolutamente diferente é quem pura e simplesmente não pagou e nem vai pagar e que obriga a que sejam os contribuintes portugueses a pagar”, sublinhou.

O líder social-democrata considerou que o sigilo bancário é “absolutamente vital” e o que se pretende não é “uma devassa da vida das pessoas”, mas sim quais são “os 50 maiores devedores” da CGD.

Nas declarações aos jornalistas e questionado sobre quem não quer que se saiba quem são estes devedores, Rui Rio responsabilizou “todos aqueles que têm evitado” a divulgação desses dados, quer no plano bancário, quer no plano partidário, “apontando baterias” ao PS, Bloco de Esquerda (BE) e PCP.

“Isso para mim é um completo enigma, principalmente do lado do PCP e do BE”, que “estão sempre a inviabilizar isso”, criticou.

[Notícia atualizada às 14:57]