Numa ação de campanha na Cidade Universitária, em Lisboa, a comitiva do Livre cruzou-se com um grupo de apoiantes do PSD, e os cabeças-de-lista de cada partido por Lisboa, Ricardo Baptista Leite pelos sociais-democratas e Rui Tavares pelo Livre, chegaram a cumprimentar-se.
Questionado mais tarde sobre as declarações de Rui Rio esta manhã ao fórum da TSF - que só admite conversar com o Chega sobre orçamentos “no debate parlamentar normal à vista de toda a gente”, rejeitando que possam existir conversas de gabinete para “convencer” André Ventura – Rui Tavares confessou não ter ficado “descansado”.
“Não podemos ficar descansados, uma maioria de direita em Portugal dará uma enorme encruzilhada para o nosso país e uma séria, uma gravíssima crise política, e para contrariar essa possibilidade a esquerda tem que ter um sentido de responsabilidade que infelizmente faltou nas últimas negociações orçamentais”, respondeu.
O historiador foi ainda mais longe, advogando que “a direita portuguesa não teve uma clareza em relação à extrema-direita” e continua a não ter, “sendo que até do ponto de vista político perderam muitíssimo com isso”, alertando que esta relação não é algo “que se possa gerir um bocado conforme os momentos”.
“Nós vimos pela Europa toda uma batalha de décadas para conter a extrema-direita, cordões sanitários como se costuma dizer, que duraram 20 ou 30 anos, em Portugal não duraram um ano (…)”, lamentou.
Tavares criticou o que classificou como “um discurso completamente punitivo acerca dos mais vulneráveis” veiculado pela extrema-direita, defendendo que “não foi inventado” por esta e que “Rui Rio já o fazia há bem mais de 10 anos”.
“Toda a gente se lembra dele recorrentemente utilizar o conceito de 'subsidiodependência', seja para atacar os trabalhadores da cultura, seja para falar das pessoas que de facto precisavam de ter proteção social”, atirou.
Perto da hora do almoço, entregando panfletos aos estudantes que passavam, Rui Tavares chegou a ser abordado por alguns jovens que, ou apoiam o Livre ou ainda estão indecisos.
Foi o caso de Tomás, estudante de Informática, recenseado em Setúbal que ainda não sabe em quem vai votar mas mostrou-se seguro de que "a esquerda tem que estar" no parlamento.
Uma das perguntas do jovem a Tavares foi como é que o partido recupera a credibilidade, depois de em 2019 ter eleito uma deputada, Joacine Katar Moreira, e meses depois lhe ter retirado a confiança política.
“Mais do que dizer é fazer: se eu andar a dizer às pessoas 'acreditem em nós, nós temos credibilidade', essa não é por si uma mensagem de credibilidade”, respondeu Tavares, que disse ter “noção” de que as pessoas ao votarem no Livre nestas eleições estão a dar ao partido “uma segunda oportunidade” e “não darão uma terceira”.
Interrogado sobre se estava em terreno favorável para o partido, junto de estudantes universitários, Tavares respondeu que o Livre fala para todo o eleitorado, mas defendeu que “há uma mensagem que ecoa de forma muito imediata junto dos estudantes universitários que é a mensagem de um novo modelo de desenvolvimento para o país”.
“Mas mais do que dizer que daqui a uma década os salários vão ser mais altos e a formação vai ser gratuita, é terem uma noção de para onde é que a política quer levar o país. Isso não tem havido: passa-se o tempo todo na política a discutir as 24 horas anteriores, e nunca se discute os próximos 24 anos”, lamentou.
“Estes estudantes sentem na verdade uma urgência muito maior e tem um impacto muito mais imediato neles a mensagem de quando lhes podemos dizer onde e que Portugal deve estar nas próximas décadas, quais os setores económicos que têm alto valor acrescentado e que vão fazer da vida deles uma vida muito mais realizada em Portugal”, aditou.
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