“Inscrevi-me para votar antecipadamente porque era uma possibilidade adicional que nos era dada e que permitia responder a qualquer eventualidade no que diz respeito à pandemia e, portanto, uma vez que já tinha essa possibilidade aberta, achei que era uma boa ideia vir votar antecipadamente”, explicou aos jornalistas à entrada da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, um dos quatro locais preparados para receber o voto antecipado no concelho de Lisboa.
Perante a comunicação social, Rui Tavares, cabeça de lista do Livre por Lisboa, disse ser “sempre uma alegria” poder votar e que o voto deve ser uma lembrança “daquilo que custou tanto a conquistar”.
“A nossa democracia ainda é relativamente recentemente, tem menos dias do que teve a ditadura antes dela — só daqui a algum tempo é que teremos mais dias de democracia que tivemos de ditadura — e, nestas fases as democracias às vezes passam por momentos críticos e é importante sabermos defender a democracia contra ataques ao Estado de direito, contra ataques aos direitos fundamentais e contra ataques à pluralidade da nossa sociedade”, apontou o dirigente, antes de se deslocar à mesa de voto.
Rui Tavares considerou que tem havido “uma espécie de passa culpas” entre partes da esquerda ao longo da campanha eleitoral que “não ajudou em nada”.
“Toda a gente poderia ter mudado de agulha antes”, assinalou, após ser questionado sobre as declarações da coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.
Durante a manhã, Catarina Martins defendeu que “era bom que o PS mudasse de agulha”, porque a estratégia de “queimar pontes à esquerda” e pedir a maioria absoluta “acaba pr abrir caminho à direita”.
Face às declarações, Rui Tavares remeteu para as eleições legislativas de 2019.
“Quando a esquerda demonstra vontade de convergência, o eleitorado de esquerda sente-se mobilizado, sente-se com mais vontade de ir votar, e acontece o que aconteceu em 2019, em que toda a esquerda subiu”, sublinhou.
Sobre o voto útil, o dirigente do Livre acredita que este pode ser dividido em duas categorias: o voto tático e o voto estratégico.
“O voto tático é, muitas vezes, quando as pessoas votam útil porque querem impedir alguém de chegar ao poder — e, portanto, é uma razão tão legítima como outra qualquer –, o voto estratégico é quando as pessoas também votam, pensando além disso, o que é necessário com aquele voto para reconstruir o futuro, no dia logo a seguir às eleições”, reiterou, acrescentando que “se há partidos que põem a tática à frente da estratégia, desmobilizam com isso o eleitorado e corre-se o risco de termos uma maioria de direita encostada à extrema-direita”.
Quanto à estratégia do Livre para o restante da campanha eleitoral, Rui Tavares garantiu que será de “falar com bom senso” aos concidadãos e “tratá-los como os adultos inteligentes que são”.
“Acreditamos que o seu primeiro instinto é favorecer quem ajudou à democracia, quem honrou, quem trouxe conteúdo para o debate político. Essa é a primeira vontade das pessoas. Claro que daqui até ao último dia do voto vai haver muito quem tente desviar-nos do nosso caminho em relação a esse primeiro instinto, de achar que deve ser favorecido quem trouxe conteúdo e vontade de resolver problemas”, alertou.
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