“Privam-me do sono, trata-se de facto de um recurso à tortura por privação do sono”, escreve num texto hoje publicado na sua página digital, explicando que é acordado “oito vezes por noite” pelos guardas da prisão.
Num outro pedido oficial enviado à administração penitenciária e ao procurador-geral, Navalny solicita cuidados médicos, numa altura em que os seus apoiantes têm alertado para a degradação do seu estado de saúde.
Pouco antes, a sua advogada tinha indicado que Navalny sofre de “fortes dores” nas costas e na perna direita, uma informação contrariada pelos serviços prisionais que consideraram a sua saúde “satisfatória”.
“Para mim, o seu estado de saúde é decerto extremamente problemático… todos receiam pela sua vida e a sua saúde”, indicou hoje Olga Mikhailova à cadeia televisiva da oposição Dojd, que visitou o opositor após uma tentativa falhada na quarta-feira.
Pelo contrário, os serviços prisionais asseguraram que a saúde de Navalny é “satisfatória”, em resposta aos seus apoiantes que se referem a uma deterioração da sua condição física desde a sua chegada ao centro de detenção.
“Em 24 de março foram efetuados exames médicos a pedido dos detidos”, indicaram às agências noticiosas russas os serviços prisionais (FSIN) da região de Vladimir (nordeste de Moscovo), acrescentando que a saúde de Alexei Navalny “é considerada estável e satisfatória”.
Condenado em fevereiro a dois anos e meio de prisão num processo por fraude ocorrido em 2014, o mais virulento opositor do Presidente Vladimir Putin está detido desde o início de março numa colónia penitenciário de Pokrov, a 100 quilómetros da capital russa e apontada pelo seu rígido regime.
Na quarta-feira, a sua advogada Olga Mikhailova afirmou que não teve acesso a Navalny, acrescentando que o opositor de 44 anos se queixava de “fortes dores nas costas” e que começava a deixar de sentir as suas pernas, tendo sido prescrito um anti-inflamatório.
Alexei Navalny, 44 anos, ativista anticorrupção e principal opositor ao Presidente Vladimir Putin, sobreviveu em 2020 a um envenenamento com Novitchok, um agente neurotóxico desenvolvido na época soviética para fins militares, e que o colocou em estado de coma.
A substância foi identificada por laboratórios europeus, mas Moscovo sempre rejeitou as conclusões estas conclusões que alegam a tese de uma tentativa de assassinato orquestrado pelo poder russo.
De regresso à Rússia em janeiro passado após uma longa convalescença na Alemanha, foi de imediato detido e condenado num caso que denuncia como politicamente motivado.
Desde a sua chegada ao campo de Pokrov, Navalny descreveu por duas vezes nas redes sociais as condições de detenção, afirmando que o seu quotidiano era comparável à de um ‘Stormtrooper’ na “versão russa da Guerra das Estrelas”, devido à rígida disciplina em vigor.
Nesse relato, associou a colónia penitenciária a um “campo de concentração”.
Comentários