“A 2 de agosto de 2019, por iniciativa norte-americana, termina a validade do tratado assinado no dia 8 de dezembro de 1987 em Washington pela União Soviética e pelos Estados Unidos sobre o fim dos mísseis de médio alcance”, refere um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
Anteriormente, a Rússia revelou que propôs aos Estados Unidos uma moratória sobre o fim do tratado.
“Nós propusemos aos Estados Unidos e a outros membros da Aliança Atlântica considerarem a possibilidade do anúncio de uma moratória sobre as armas de médio alcance”, afirmava o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Riabkov, numa entrevista difundida hoje pela agência TASS.
Entretanto, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que “o mundo vai perder um incalculável travão” à guerra nuclear com o expirar do acordo de 1987 entre Washington e Moscovo.
Guterres disse aos jornalistas em Nova Iorque que o INF “é um marco que ajudou a estabilizar a Europa e acabar com a Guerra Fria” e que o fim do acordo “vai incrementar e não reduzir” a ameaça sobre mísseis balísticos.
Assinado em 1987 por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachov, então Presidentes dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, respetivamente, o tratado INF aboliu o recurso a um conjunto de mísseis de alcance (intermédio) entre os 500 e os 5 mil quilómetros e pôs fim à crise desencadeada na década de 1980 com a instalação dos SS-20 soviéticos, visando capitais ocidentais.
Em finais de outubro de 2018, o Presidente norte-americano, Donald Trump, acusou a Rússia de não respeitar os termos do tratado e ameaçou então sair deste acordo histórico.
Após ultimatos, Washington acabaria por decidir sair do INF, afirmando que a Rússia tinha infringido as regras do tratado com o desenvolvimento de um novo sistema de mísseis: o novo míssil terrestre russo 9M729, capaz de transportar uma ogiva nuclear e com um alcance superior a 500 quilómetros.
Em reação, Moscovo replicou e denunciou “acusações imaginárias” por parte dos Estados Unidos para justificar a saída do acordo.
O prazo para a Rússia destruir os mísseis termina hoje.
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