O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, emitiu estas declarações na sessão inaugural em Moscovo da conferência multinacional sobre o Afeganistão e na presença de delegações do Governo afegão e dos talibãs, para além de representantes do Catar e dos enviados especiais da Rússia, Estados Unidos, China e Paquistão.

“Lamentamos que os esforços para impulsionar o processo político em Doha não tenham fornecido resultados”, disse o chefe da diplomacia russa perante todas as delegações, mas manifestando confiança que a reunião de Moscovo permita desbloquear este processo.

O ministro russo considerou que “perante a degradação da situação política e militar, serão inaceitáveis mais atrasos [nas negociações de Doha]”.

Lavrov também apelou aos Estados Unidos e aos talibãs para “manterem o seu compromisso” com o histórico acordo assinado em 29 de fevereiro de 2020 em Doha, que possibilitou o início das conversações inter-afegãs.

No entanto, sublinhou a importância das reuniões de Moscovo em 2019 e 2020, que “criaram a base” para o início do processo político em Doha, e reiterou que apenas os próprios afegãos poderão assumir a condução do processo de paz no país, um objetivo face ao qual as potências estrangeiras devem contribuir “sem impor a sua vontade”.

“Por muito importantes que sejam, os atores exteriores apenas devem possibilitar as condições” para o avanço do diálogo entre os afegãos, concluiu.

A reunião de hoje é a primeira de três conferências internacionais planeadas até 01 de maio, a data-limite para a retirada final das tropas dos Estados Unidos e da NATO do país, e fixada no acordo de há um ano entre a antiga administração de Donald Trump e os talibãs.

As conversações inter-afegãs, que também decorrem em Doha, capital do Caytar, permanecem num impasse, com Washington e Cabul a pressionarem para um cessar-fogo total, enquanto os talibãs consideram que deve ser negociado no âmbito das conversações de paz com o Governo afegão.