Segundo informação publicada na rede social Twitter, a companhia área de baixo custo confirma ter recebido a convocatória de paralisação dos pilotos belgas e suecos para o dia 10 e que foi “notificada de possíveis ações de greve pelos sindicatos de pilotos da Alemanha e Holanda”, que acredita que decorrerão a 10 de agosto.

“Escrevemos a cada um destes sindicatos de pilotos hoje (quarta-feira) e convidámo-los a reunirem-se connosco nos próximos dias para fazer mais progressos na conclusão do reconhecimento sindical e acordos coletivos de trabalho nestes mercados”, lê-se na publicação.

Pilotos de outras bases europeias juntam-se, assim, aos colegas irlandeses, que vão cumprir esta sexta-feira a quarta paralisação desde 12 de julho. Na sequência deste novo protesto, a transportadora anulou 20 dos 300 voos previstos, afetando 3.500 passageiros.

Já esta manhã, a Ryanair, através de uma citação do dirigente Kenny Jacobs, indicou que o tráfego cresceu, de forma homóloga, 4% em julho para 13,1 milhões de passageiros, mas que quase “200 mil clientes viram os seus voos cancelados” devido à falta de pessoal” entre os controladores aéreos em França, Reino Unido e Alemanha e às “condições meteorológicas adversas e greves desnecessárias de pilotos e tripulantes de cabina”.

Na convocatória de greve, na quarta-feira, a federação sindical belga CNE recordou a recente paralisação dos tripulantes de cabine das bases de Portugal, Espanha, Itália e Bélgica e que a Ryanair tem “levado a cabo uma campanha de intimidação” a alguns desses trabalhadores.

À Lusa, a presidente do do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Luciana Passo, referiu que as cartas avisando das consequências de faltas nos dias 25 e 26 de julho, dias de greve, foram entregues à Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e ao Ministério do Trabalho.

Numa carta dirigida aos trabalhadores, a companhia irlandesa referiu que não serão pagos vários componentes do salário, incluindo bónus de produtividade, e que as ausências são “levadas em conta, tal como outros fatores relevantes de desempenho em avaliações para oportunidades de promoções e de transferências”.

A Ryanair tem estado envolvida, em Portugal, numa polémica desde a greve dos tripulantes de cabine de bases portuguesas por ter recorrido a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação, que durou três dias, no período da Páscoa.

A empresa admitiu ter recorrido a voluntários e a tripulação estrangeira durante a greve.

A decisão de partir para a greve europeia na semana passada foi tomada em 05 de julho numa reunião, em Bruxelas, entre vários sindicatos europeus para exigirem que a companhia de baixo custo aplique as leis nacionais laborais e não as do seu país de origem, a Irlanda.

Com a greve, os trabalhadores querem exigir que a transportadora irlandesa aplique a legislação nacional, nomeadamente em termos de gozo da licença de parentalidade, garantia de ordenado mínimo e que retire processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo dos aviões abaixo das metas definidas pela empresa.

Em Espanha, decorreu na quarta-feira uma reunião de 12 horas entre os sindicatos de tripulantes de cabine USO e Sitcpla e a companhia aérea, na qual se acordou suspender as negociações até inícios de setembro, altura em que os sindicatos europeus se devem voltar a reunir para fazer o balanço da greve de julho e analisar eventuais novas ações.

Numa nota de imprensa, o USO assinalou continuar a não haver acordo, apesar dos “avanços quanto à atitude e diálogo mostrados pelos representantes da Ryanair e as suas agências de contratação”.