No sábado cumprem-se os 60 anos da assinatura do Tratado de Roma, o documento subscrito por seis países – Itália, França, República Federal da Alemanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo – que constituiu a Comunidade Económica Europeia, mais tarde União Europeia. Os chefes de Estado e de Governo da UE assinalam a data durante encontros em Roma, no fim de semana.

Jorge Barros, de 53 anos, diz que Portugal – que aderiu à então CEE em 1986, tal como a Espanha – fez bem entrar e que “agora não vale a pena sair”. “Em princípio é bom para toda a gente”, diz à agência Lusa o gerente comercial. No entanto, Jorge Barros deixa uma advertência: Portugal - tal como outros Estados-membros - "não tem tido políticos à altura" do projeto europeu.

"Nós estamos a pagar coisas que não devíamos à conta dos políticos que temos", acusa. Já sobre a decisão dos britânicos de saírem da União Europeia – grupo para o qual entraram em 1973 – Jorge Barros diz que só os próprios poderão dizer “se para eles é bom ou não”. No entanto, tem uma certeza: “Para nós não fará diferença nenhuma”.

O estudante Manuel Costa, de 18 anos, pensa que o ‘Brexit’ terá consequências negativas para os britânicos, mas também para o resto dos europeus. “O que o Reino Unido fez vai prejudicar muito, não só a eles, como um pouco a nós também, porque era um ponto de comércio muito usado pela União Europeia”, salienta.

Tal como Jorge Barros, também Maria Coelho - uma doméstica de 60 anos - nem pensa em ver Portugal a sair da UE. "Foi muito bom termos entrado para a União Europeia, no sentido em que abriu muitas portas para toda a gente. (...) Se calhar a saída do Reino Unido é positivo para eles, no sentido em que não terão tantos compromissos para com os outros países. Mas Portugal não deveria fazer o mesmo, a começar porque é um país pequeno e pobre", diz.

Maria Coelho até quer ver reforçada a relação entre os Estados-membros, quer ver mais união, mas com um objetivo concreto: ajudar os mais desfavorecidos. “É mais união, mais ajuda. Mais coisas para as pessoas mais pobres, que vivem mal, na miséria e a passar fome”, realça.

De visita a Lisboa, em frente ao Estádio Luz, o espanhol Iván, de 25 anos, diz que a permanência na UE “não é o melhor” para países como Portugal ou Espanha. “No contexto do que estamos a viver agora, acho que é o mais fiável. Não é o melhor, mas sim o mais fiável”, diz. Para Iván, a anunciada saída do Reino Unido da União “vai fazer com que aconteça o mesmo noutros países”.

“Na verdade, estão a jogar com o medo das pessoas, o medo à imigração”, diz o espanhol, para quem “a Europa precisa é de mais integração”. “E não ter medo ao que vem de fora”, conclui.