“Acho que este movimento, ao contrário do que pode parecer, até pode ser dissuasor para outros países europeus”, afirmou o responsável, que falava num encontro sobre “O que está a determinar a evolução da economia digital”, promovida pela Confederação dos Serviços de Portugal e pelo jornal ‘online’ Eco, em Lisboa.

Apontando que a Comissão Europeia ainda está a negociar os custos de tal saída, Carlos Moedas exemplificou: “Há aqui um princípio, se quem vai almoçar e tem de sair mais cedo paga a conta, mas esse princípio é básico, o Reino Unido esteve à mesa e tem de pagar”.

A saída deverá acontecer até 2019, mas preveem-se dois anos seguintes para transição, período no qual os britânicos ainda terão de seguir regras europeias.

“Se eu fosse britânico, ia pensar se iria querer cumprir as regras não estando sentado à mesa, sem deputados e sem comissários europeus” eleitos, assinalou.

Para o responsável, tais exigências terão “o efeito contrário” à criação de movimentos de saída semelhantes, levando “as pessoas a pensarem duas vezes antes de levarem estes projetos para a frente”.

O comissário europeu apontou também que “o Reino Unido nunca pensou que [a saída] iria ter esta dimensão, mas a Europa sabia” e “já esperava que fosse muito difícil”.

Quanto aos principais entraves na negociação, precisou que um dos problemas é a fronteira com a Irlanda do Norte, mas esse diálogo está a chegar “a um bom porto”.

Carlos Moedas disse ainda esperar que ser possível estabelecer uma relação política e comercial com o Reino Unido após o ‘Brexit’, razão pela qual a Comissão Europeia não está a ser “punitiva”.

“Nós precisamos deles”, indicou.

Aludindo à situação de independência da Catalunha, o responsável sublinhou que “a Espanha é que é membro da União Europeia”.

“É esse membro que queremos manter e defender, não nos podemos meter em matérias internas do país. Isso abriria precedentes graves”, adiantou.