Num comunicado, a estrutura sindical disse que “a 15 de janeiro, os trabalhadores da Global Notícias”, uma das sociedades do grupo, “continuam sem receber o salário de dezembro, esperam pelo subsídio de Natal e uma explicação da administração, que parece incapaz de encontrar soluções para os problemas do grupo”.

“O Sindicato dos Jornalistas está perplexo com a postura da Comissão Executiva do Global Media Group”, indicou, salientando que “hoje, 15 de janeiro, quando os trabalhadores da Global Notícias esperavam um esclarecimento da Comissão Executiva (CE) a explicar porque ainda não receberam os salários de dezembro, receberam um email a anunciar um diretor interino na TSF”.

“Quase uma semana depois de José Paulo Fafe, presidente da CE, ter dito, na Assembleia da República [AR] que ia tentar pagar os salários em atraso até segunda ou terça-feira, os trabalhadores da Global Notícias, empresa do Global Media Group que engloba o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, várias revistas e o desportivo O Jogo, continuam sem receber o salário de dezembro, a que acresce a falta do subsídio de Natal, em mora desde 07 de dezembro e sem qualquer explicação também”, lamentou.

De acordo com a estrutura, os serviços jurídicos do sindicato “estão já a prestar apoio aos jornalistas que pretendem suspender o contrato, que podem começar a fazer a partir de depois de amanhã, 17 de janeiro”.

Segundo o SJ, “estas condições aplicam-se unicamente aos trabalhadores da empresa Global Notícias, uma vez que os trabalhadores de outras empresas do grupo – Rádio Notícias (TSF), Rádio Comercial Açores, Açoriano Oriental, a gráfica Naveprinter e a Notícias Direct receberam o salário de dezembro entre a primeira e a segunda semana deste mês”, recordando ainda “a greve mobilizadora, na empresa e na classe, a 10 de janeiro”.

O SJ lembrou que “o subsídio de Natal não foi pago no GMG; o salário de dezembro não foi pago à maioria dos trabalhadores; os vencimentos de novembro não foram pagos aos recibos verdes, que por norma recebem a 50 dias e já lá vão 55”.

“Enquanto esta CE se mostra incapaz de resolver os problemas da empresa, aparecem propostas de compra, mas a administração de José Paulo Fafe não dá sinais de responder aos proponentes e mantém a empresa e os trabalhadores na incerteza e na angústia e até fez questão de dizer, na AR, que recusou a proposta que tinha”, lamentou.

O sindicato questiona: “o que querem José Paulo Fafe, Paulo Lima de Carvalho e Filipe Nascimento, os três administradores executivos do grupo? Parecem não ser capazes de gerir a empresa e, aparentemente, estão apenas empenhados em engrossar as listas do Instituto de Emprego com 200 trabalhadores do GMG, quando há propostas de investidores que prometem investimento e poupam empregos”.

Tendo em conta este cenário, o SJ “vai propor uma intervenção de urgência da ACT [Autoridade para as Condições do Trabalho] no GMG, para tentar perceber por que razão a empresa não paga os salários, uma vez que o grupo continua a trabalhar, a vender jornais, a cobrar publicidade”.

O SJ denunciou ainda que o grupo está a investir “na insegurança dos trabalhadores na redação do Porto, ao acabar com os serviços de vigilância 24 horas, alegando que o faz também em Lisboa, reduzindo a segurança à de horário de escritório”.

No entanto, disse, “nas Torres de Lisboa o próprio edifício tem segurança 24 horas”, o “que não acontece no Porto”, algo agravado pelo facto de “as instalações do JN e de O Jogo se situarem numa zona algo isolada e que até à mudança destes dois títulos para o local estava conotada com o tráfico e consumo de droga”.

“Esta é só uma das demasiadas e continuadas faltas de respeito pelos trabalhadores que tem sido a marca desta CE”, indicou, apontando o dedo a “uma administração que não dialoga, que não é capaz de negociar, que não fala com os outros, fechada no seu mimetismo, que contrata assessores e consultores, enquanto se prepara para dispensar 200 trabalhadores”.

A Lusa tentou contactar o GMG e aguarda resposta.