De acordo com a Associated Press (AP), Salman Rushdie, de 75 anos, foi atacado esta sexta-feira quando estava prestes a dar uma palestra na parte ocidental de Nova Iorque.

Um repórter da AP testemunhou um homem a saltar para o palco da Instituição Chautauqua. Inicialmente não foi perceptível se o indivíduo estava a esmurrar ou a esfaquear Rushdie entre 10 a 15 vezes quando este estava a ser apresentado.

O autor foi empurrado ou caiu ao chão, não se sabendo imediatamente o seu estado. Posteriormente, a polícia confirmou que tinha sido esfaqueado no pescoço e abdómen, estando a ser operado há várias horas, diz a Reuters.

O agressor, entretanto identificado pela polícia como Hadi Matar, de 24 anos, de New Jersey, segundo a BBC, foi imobilizado e está sob custódia das autoridades.

O moderador do evento também foi atacado e sofreu um pequeno ferimento na cabeça. As pessoas que estavam na sala foram imediatamente retiradas do local.

Rushdie foi rapidamente cercado por um pequeno grupo de pessoas que lhe seguraram as pernas, tendo sido também socorrido por um médico que estava na plateia, sendo depois transportado de helicóptero para o hospital.

A polícia local não tem ainda informações sobre o que motivou o ataque, mas está a trabalhar em parceria com o FBI. Também não existiam alertas acionados para o evento.

Rushdie é um dos mais mediáticos escritores, depois de ter publicado “Os Versículos Satânicos”, em 1989, a obra polémica que lhe valeu o Whitbread Prize.

Este livro fez com que fosse condenado à morte pelo Irão do líder religioso Ayatollah Khomeini, que emitiu uma 'fatwa' (decreto da lei islâmica) contra o escritor, condenação só levantada em 1998.

O Irão ofereceu então uma recompensa de três milhões de dólares a qualquer pessoa que matasse Rushdie.

O governo do Irão há muito que se distanciou do decreto de Khomeini, mas o sentimento anti-Rushdie permanece.

Ao longo dos anos foi também sofrendo outras ameaças de morte. O escritor chegou a viver na clandestinidade, sob segurança.

Em 2012, uma fundação religiosa iraniana aumentou a recompensa pelo assassinato de Rushdie para 3,3 milhões de dólares.

Rushdie desvalorizou a ameaça na altura, dizendo que não havia "nenhuma prova" de que as pessoas estivessem interessadas na recompensa.

É autor de 12 romances, incluindo “Filhos da Meia Noite” (vencedor do “Booker Prize” em 1981 e “Best of the Booker” em 2008); “Dois anos, oito meses e vinte e oito noites” e a coleção de novelas “Leste, Oeste”.

É membro da British Royal Society of Literature e foi galardoado, entre outros, com o Whitbread Prize para melhor romance (em duas ocasiões), o Writers’ Guild Award, o James Tait Black Prize, o Aristeion Prize da União Europeia para Literatura, o prémio “Autor do ano” no Reino Unido e na Alemanha, o Prémio do Melhor Livro Estrangeiro em França, o Grande Prémio de Literatura de Budapeste, o “London International Writers’ Award”, o “James Joyce Award” da Universidade College Dublin, o prémio “Carl Sandburg” atribuído pela Chicago Public Library, e o “National Arts Award” nos Estados Unidos da América.

É ainda membro da Academia Americana de Artes e Letras e foi “Distinguished Writer in Residence” na universidade de New York e armado cavaleiro, em 2007, por serviços prestados à literatura.

Salman Rushdie teria prevista uma visita a Portugal a 17 de setembro, passando pela Livraria Lello, no Porto, "para uma conversa com a jornalista, escritora e crítica literária Isabel Lucas sobre a sua notável carreira literária".

A última vez que o autor esteve em Portugal foi em 2016, no Festival Literário Internacional de Óbidos (FOLIO), tendo sito recebido por centenas de leitores.

Salman Rushdie é publicado em Portugal pela Dom Quixote.

(Notícia atualizada às 22h52)

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