Sampaio da Nóvoa recebe hoje o doutoramento honoris causa pela Universidade Lusófona, em Lisboa, cerimónia que marcou um raro regresso a atos públicos desde as eleições presidenciais de 24 de janeiro deste ano, nas quais ficou em segundo lugar, conquistando mais de um milhão de votos.

Em declarações à agência Lusa à entrada da cerimónia, o antigo reitor da Universidade de Lisboa escusou-se a comentar os primeiros meses de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República, referindo que tem "estado fora" de Portugal, mas também que se deve "ter um direito e dever de silêncio, ao mesmo tempo".

"Julgo que a democracia falou no dia 24 de janeiro, isso é que é importante e na altura própria, se assim o entender, pronunciar-me-ei sobre isso. Neste momento ainda não é a altura", frisou.

Sobre o saldo positivo de 83 mil euros com o qual terminou a campanha das presidenciais - foi o candidato que declarou as despesas mais elevadas, no total de 924.493 euros, mas conseguiu receitas de mais de um milhão de euros - Sampaio da Nóvoa explicou que este "dinheiro foi doado para essas dimensões participativa e de cidadania".

"Estamos a discutir internamente qual é a maneira mais certa de o utilizar, mas não temos ainda uma decisão. Provavelmente é utilizá-lo a apoiar associações, a apoiar grupos, a doar isso para pessoas que de algum modo se batem também por princípios, pela tolerância, contra o racismo, por outras formas de vida na sociedade", antecipou.

O antigo candidato presidencial explicou que este "é um assunto que está a ser discutido" porque "não quis tomar essa decisão sozinho", antecipando que "dentro de duas semanas, um mês" será tomada uma decisão sobre isso.

Sobre o 'honoris causa' que hoje recebe, Sampaio da Nóvoa disse à agência Lusa que o sente "como uma gesto de reconhecimento a um conjunto de gerações, de movimentos que se bateram nos últimos 30, 40 anos pela democratização da escola e pela defesa da escola pública, pela renovação da universidade e da ciência e pela abertura de Portugal ao mundo".

"Sinto-o como um reconhecimento a esses movimentos, a essas gerações, de que eu sou uma pequena parte, que eu integrei. Nada mais nem nada menos do que isso", referiu.

Já durante o discurso na cerimónia, o antigo reitor da Universidade de Lisboa questionou como é que é possível conseguir "uma autonomia de participação e de decisão quando a economia se define em lugares desconhecidos e invisíveis, quando os partidos se defendem do que não controlam e quando a comunicação social mostra apenas o que quer e esconde tudo o resto".

"Vivemos uma crise política, de representação, que tem muitas origens, mas também inconfessadas resistências à participação. E uma democracia da apatia e da indiferença não é democracia", alertou.

Sampaio da Nóvoa foi perentório: "não vale a pena drogarmo-nos com heroísmos grandiosos".

"A vida é feita de gestos e de compromissos diários, que podem parecer insignificantes, mas é neles que está a força da mudança e do futuro", concretizou.

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