À margem das cerimónias do 05 de Outubro, que hoje decorreram na Praça do Município, em Lisboa, Jorge Sampaio foi questionado pelos jornalistas sobre se concordava que os Presidentes da República não devem comentar as posições dos sucessores e dos antecessores.
"Salvo questões absolutamente excecionais, que mereçam um comentário geral, mas é um bom princípio que os Presidentes da República, os antes e os depois, se respeitam uns aos outros no sentido em que não comentam a atividade de quem foi eleito por voto direto e universal. É o único", defendeu.
O antigo chefe de Estado disse rever-se naquilo que sempre fez e considerou não ter "razão nenhuma para mudar".
Em 27 de setembro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lembrou que a decisão de nomear a nova procuradora-geral da República (PGR) foi dele e não do Governo, escusando-se a comentar a crítica de Cavaco Silva sobre o assunto.
O ex-chefe de Estado Cavaco Silva tinha considerado, no dia anterior, que a não recondução da PGR, Joana Marques Vidal, foi a decisão "mais estranha do Governo que geralmente é conhecido como gerigonça".
"O que me está a dizer é que o Presidente Cavaco Silva, no fundo, disse que era a mais estranha decisão do meu mandato. Perante isso, tenho sempre o mesmo comportamento: entendo que, desde que exerço estas funções, não devo comentar nem ex-Presidentes, nem amanhã quando o deixar de o ser, futuros presidentes, por uma questão de cortesia e de sentido de Estado, e não me vou afastar dessa orientação", acrescentou então Marcelo Rebelo de Sousa.
Jorge Sampaio também foi questionado sobre o caso do furto de armas dos paióis de Tancos, mas o antigo Presidente da República escusou-se a fazer "comentários sobre as Forças Armadas por razões óbvias".
"Não farei nenhum comentário de natureza absoluta sobre essa matéria", respondeu, perante a insistência dos jornalistas.
Na opinião do antigo Presidente da República, assiste-se "todos os dias a coisas espantosas" e, se se olhar para o mundo, "este é um epifenómeno relativamente circunscrito e, portanto, obviamente que é um fenómeno de grande densidade dramática".
"Mas, não vale a pena acelerarmos mais o dramatismo que a própria questão contém em si, mesmo senão agravamos a situação em lugar de procurarmos esclarecê-la até ao fundo como deve ser", apelou.
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