“Espanha e a Europa apoiam o plano de paz proposto pelo Presidente Zelensky porque entendemos que é o plano que pode garantir uma paz duradoura e justa”, disse Sánchez, numa conferência de imprensa em Bruxelas, após a reunião de dois dias do Conselho Europeu, que hoje terminou na capital belga.
O líder do Governo espanhol, que na próxima semana visitará Pequim e irá reunir-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que “o que a China propôs não é um plano de paz” para a Ucrânia, mas “um documento de posicionamento, daquilo que considera que é necessário para se conseguir alcançar a paz”.
Sánchez considerou que a proposta chinesa tem “alguns pontos de interesse”, dois deles fundamentais, como o compromisso de não utilização de armas nucleares no conflito e um “apelo ao respeito da integridade territorial”, o que disse interpretar como um pedido de respeito pela Carta das Nações Unidas.
“É importante conhecer em primeira mão, por parte do Presidente Xi Jinping, os significados que estão por trás destes pontos”, acrescentou, na mesma conferência de imprensa, transmitida nas redes sociais do Governo espanhol.
“A China é um ator global e evidentemente a sua voz deve ser ouvida para vermos se entre todos podemos pôr fim a esta guerra e a Ucrânia recupera a sua integridade territorial”, violada pela Rússia com a ofensiva iniciada em 24 de fevereiro de 2022, defendeu.
O líder do Governo de Espanha, que assume a presidência semestral do Conselho da União Europeia (UE) em 1 de julho, afirmou que vai à China a convite de Xi Jinping, e disse dar a “máxima importância” a esta visita, que se enquadra também na celebração dos 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
Sánchez já havia falado do encontro com Xi Jinping na quinta-feira, em declarações aos jornalistas em Bruxelas, quando garantiu que dirá ao Presidente da China que terá de ser Kiev a definir as bases de um processo de paz para acabar com a guerra na Ucrânia.
Pedro Sánchez defendeu na ocasião que “é importante conhecer em primeira mão” a posição de Xi Jinping “sobre a paz na Ucrânia e dizer-lhe que serão os próprios ucranianos a estabelecer as condições para o início desse diálogo de paz”.
“E em segundo lugar, que o mais importante, o fundamental, é preservar uma ordem internacional baseada em regras e isso passa por respeitar a Carta das Nações Unidas e, fundamentalmente, um dos seus principais pilares, que é o respeito da integridade territorial, neste caso, da Ucrânia, que está a ser violada” pelo Presidente da Rússia, acrescentou.
Pedro Sánchez estará na China nos dias 30 e 31 de março, para participar num fórum económico e de líderes da Ásia-Pacífico na ilha de Hainan e para uma visita oficial a Pequim.
No encontro, será abordada a “mediação que a China está a fazer na guerra da Ucrânia, entre a Ucrânia e a Rússia”, disse o ministro da Presidência espanhol, Félix Bolaños, numa entrevista na quinta-feira na televisão RTVE.
A China apresentou um plano para a paz na Ucrânia, no final de fevereiro, e o Presidente russo, Vladimir Putin, admitiu esta semana, num encontro com Xi Jinping em Moscovo, que pode servir de base para uma resolução do conflito quando o Ocidente estiver preparado para isso.
Sobre a iniciativa chinesa, Kiev exigiu a retirada das tropas russas do território ucraniano antes de qualquer negociação e observou que o plano de Pequim não aborda a anexação ilegal das regiões ucranianas anexadas pela Rússia.
Sánchez foi um dos chefes de Estado e de Governo que esteve em Kiev na semana em que passou um ano do início da guerra na Ucrânia, no final de fevereiro.
O primeiro-ministro espanhol defendeu em Kiev, como tem feito no último ano, que é preciso continuar a apoiar a Ucrânia e disse que Espanha está disponível para reforçar a ajuda militar, incluindo com o envio de meios aéreos, se houver acordo a nível da UE nesse sentido.
Em paralelo, Sánchez tem também falado na necessidade de se começar a “articular um discurso” que coloque mais a paz na Ucrânia no horizonte.
A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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