Numa intervenção proferida no parlamento de Kiev, enviada à agência Lusa, Augusto Santos Silva declarou que esse esforço de Portugal pretende “tornar claro que as fronteiras da Ucrânia são, hoje, as fronteiras da liberdade, da segurança e da paz de todo o mundo”.

Apesar de a coligação de países que apoia política e diplomaticamente a Ucrânia, “condenando sem sofismas a agressão russa”, ser “muito ampla”, Santos Silva considerou ser necessário ir mais longe e aproveitar o que a diplomacia portuguesa pode trazer de “real valor acrescentado” à luta do povo ucraniano.

“Precisamos ainda de ampliá-la. Falando constantemente com os países do Sul, com os países de África e da América Latina, que são vítimas dos efeitos económicos da guerra, mas que às vezes a sentem como assunto distante, só europeu. É o que Portugal tem feito e continuará a fazer”, garantiu, na intervenção que abriu a sessão parlamentar do parlamento ucraniano, segundo a sua assessoria de imprensa.

Santos Silva expressou, logo no início do discurso, o “objetivo central” da sua visita a Kiev, na qual foi acompanhado por deputados de quatro partidos e com encontros com o Presidente Volodymyr Zelensky e com o primeiro-ministro ucraniano antes da visita ao parlamento.

“Exprimir a profunda solidariedade do povo português com o povo ucraniano, reafirmando todo o apoio de Portugal à Ucrânia, na sua luta pelo direito inalienável à sua independência e integridade territorial”, disse, recordando a posição “a uma só voz” expressada pelo Presidente da República, parlamento e Governo português no dia do início da guerra, 24 de fevereiro de 2022.

O presidente do parlamento português salientou que “a guerra é o horror” para reiterar que “quando uma das partes provoca a guerra, agredindo militarmente a outra parte, esta tem não só direito como o dever de se defender pelas armas”.

“A hora é, pois, de apoiar a defesa da Ucrânia, facultando à Ucrânia as armas e equipamentos indispensáveis à sua defesa”, disse, apontando as agressões russas sobre civis e outros crimes de guerra para defender que “a comunidade internacional tem de agir para que os responsáveis sejam levados à justiça”, para que é necessário “a unidade europeia e atlântica”.

Depois de rejeitar os vários argumentos falsos invocados pelo Kremlin para justificar a agressão, como o “direito histórico” ou a ameaça a Moscovo que o alargamento da NATO representa, Augusto Santos Silva voltou a destacar o apoio de Portugal ao processo de adesão da Ucrânia à União Europeia.

“Portugal e a Ucrânia são dois países próximos. Ambos europeus e ambos ocidentais. Com ligações crescentes entre os povos, alicerçadas sobretudo na dimensão e na excelente integração da comunidade ucraniana residente em Portugal, que fala ucraniano e português”, declarou.

Para Santos Silva, esses laços “ficarão ainda mais fortes agora, através do processo de adesão da Ucrânia à União Europeia”.

“Portugal apoia esse processo e defende que a União Europeia deve realizar as reformas exigidas por esta nova dinâmica de alargamento. Os laços entre os nossos dois países ficam também mais fortes à medida que se intensifica a cooperação entre a Ucrânia e a NATO, aliança de que Portugal é membro fundador”, afirmou ainda o presidente da Assembleia da República.