Em declarações aos jornalistas após o ‘briefing’ diário sobre a situação em São Jorge, o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), Eduardo Faria, avançou que estão a ser realizadas operações de “reconhecimento dos possíveis portos” na costa sul e norte de São Jorge.
“Estamos a identificar os portos que são operáveis para uma possível evacuação por via marítima”, afirmou, acrescentando que vai ser “feito uma espécie de cadastro” para cada um dos portos.
Aquele “cadastro” vai conter “toda a informação possível” sobre os espaços, sejam as “mais-valias”, as “dificuldades”, os “perigos” e as “acessibilidades”.
“Para que, quando for necessária a sua utilização, nós saibamos exatamente aquilo com que vamos contar. Tanto quem está em terra, como quem vem do mar, seja a Marinha ou até mesmo populares que possam dar apoio nessa eventual evacuação por via marítima”, justificou.
Depois do trabalho de reconhecimento não ter sido realizado na sexta-feira “devido às condições climatéricas”, durante o sábado foram “identificados cinco a seis portos” como estando “operáveis”.
“Ainda falta continuar a reconhecer e a validar os restantes portos, tanto da costa sul como da costa norte. Mas vamos continuar este trabalho durante o dia de hoje”, apontou.
Eduardo Faria revelou que a Proteção Civil vai “terminar” hoje um “plano de comunicações de emergência”, para prevenir a “eventualidade” da ilha ficar “sem a possibilidade de utilizar as redes móveis”.
A Proteção Civil também está a “analisar” as imagens captadas na zona dos Rosais para “perceber até que ponto é que há alguma fragilidade ou algum risco em termos de vertente ou de possíveis derrocadas”.
Também foram feitos “reconhecimentos” nas fajãs da ilha, para identificar o “movimento” e as “zonas de possível perigo”.
“Pelo reporte que tivemos, pelas imagens que nos foi possível observar, o movimento das fajãs é muito residual. Portanto, para já, não nos transmite preocupação particular. No entanto, vamos continuar a vigiar”, declarou.
Apesar da diminuição no número de sismos sentidos pela população nos últimos dias, o brigadeiro-general alertou que a sismicidade da ilha continua em “números completamente fora do normal”.
“Que a população não se iluda com esta acalmia. (…) Mais uma vez se reitera que dever-se-ão manter as regras de autoproteção”, apelou.
A ilha de São Jorge, nos Açores, contabilizou mais de 26 mil sismos, cerca de 225 dos quais sentidos pela população, desde o início da crise sismovulcânica a 19 de março, segundo os dados oficiais mais recentes.
O sismo mais energético desde o início da crise teve uma magnitude de 3,8 na escala de Richter.
Cerca de 2.500 pessoas já saíram do concelho das Velas, centro da crise sísmica, das quais 1.500 por via aérea e marítima, e as restantes para o concelho vizinho da Calheta, considerado mais seguro pelos especialistas.
A ilha mantém-se com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.
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