“Trata-se da homenagem de Madrid a José Saramago, que foi tão português como espanhol”, disse a diretora-geral de Intervenção na Paisagem Urbana e Património Cultural da Câmara Municipal de Madrid na cerimónia que marcou o final da intervenção do artista português.

Marisol Mena explicou que a autarquia queria que Saramago “tivesse num lugar central em Madrid”, tendo considerado apropriado o local público da Universidade Carlos III, estabelecimento de ensino que atribuiu ao nobel português o grau de “honoria causa”.

Alexandre Farto, que ainda estava a dar os últimos retoques na sua obra, limitou-se a manifestar a sua “satisfação” com o trabalho realizado.

Esta é a primeira "realização" de um total de seis em “muros singulares de grande visibilidade” no centro de Madrid que a autarquia elegeu para fazer "intervenções" nos próximos meses por parte de artistas “de primeiro nível e reconhecimento internacional”.

A "intervenção" que utiliza a “técnica de picotagem” partiu de uma ideia da embaixada de Portugal e do Instituto Camões na capital espanhola e conta ainda com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e do Ministério da Cultura de Portugal, fazendo parte da programação da mostra de cultura portuguesa que decorre até ao fim do ano em Espanha.

“Gosto que seja um reconhecimento tanto de Madrid como de Lisboa e gosto que seja numa universidade” disse à Lusa a viúva de Jose Saramago e presidente da Fundação com o nome do nobel.

Pilar del Rio acrescentou que “num dia em que se fecham fronteiras, com a vitória de [Donald] Trump [nas eleições norte-americanas], gosto ainda que se abra aqui uma fronteira com Saramago”.

O embaixador de Portugal em Madrid, Francisco Ribeiro de Menezes, manifestou a sua “grande satisfação” pela realização do projeto que “Saramago gostaria de certeza” e considerou a homenagem “simples, mas também ambiciosa, porque vai permanecer no centro de Madrid durante muitos anos".

Alexandre Farto (Vhils) nasceu em Lisboa, em 1987, terminou os seus estudos de Arte em 2008, em Londres, tendo iniciado a atividade como artista urbano em 1998, com a pintura de muros e comboios, na margem sul do rio Tejo.