“Neste momento, a adesão é de 100%. Os trabalhadores estão apenas a cumprir os serviços mínimos. Não é com satisfação que dizemos que há 100% de adesão. O ideal seria que não tivesse havido nenhuma greve, mas significa que os trabalhadores estão conscientes da sua razão”, afirmou, em declarações à Lusa, o dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sintac), Filipe Rocha.
Também o porta-voz da companhia aérea açoriana SATA confirmou à Lusa que só foram realizados os voos entre as ilhas dos Açores abrangidos pelos serviços mínimos, tendo os restantes sido cancelados.
“A adesão à greve que estava anunciada é muito alta e por isso na SATA Air Açores só estamos a conseguir fazer os voos que estavam previstos como serviços mínimos”, afirmou.
Segundo António Portugal, os passageiros afetados estão a ser “protegidos em voos nos dias subsequentes”.
A greve, que se prolonga até segunda-feira, foi convocada pelo Sintac e pelo Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (Sitema), afetando apenas os voos inter-ilhas.
O Tribunal Arbitral decretou a realização de 16 ligações durante o dia hoje, 18 no domingo e 22 na segunda-feira.
O deputado à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores do PSD António Vasco Viveiros, que se reuniu hoje com representantes sindicais, em Ponta Delgada, apelou para o fim da greve, face "aos sacrifícios que serão impostos aos açorianos na época natalícia, sobretudo nas ilhas mais pequenas, onde não há alternativas de acessibilidades para além da SATA".
"Independentemente das reivindicações da greve serem justas ou não, a verdade é que os sucessivos conselhos de administração da empresa não têm tido a capacidade e a indispensável estabilidade para a implementação de políticas de gestão de recursos humanos consistentes e equilibradas entre os vários grupos profissionais, que possam contribuir para um bom ambiente laboral", salientou o deputado social-democrata, num comunicado de imprensa.
Segundo António Vasco Viveiros, cabe ao conselho de administração da companhia aérea e à secretária regional dos Transportes e Obras Públicas do executivo açoriano promover negociações com os sindicatos “na procura das melhores soluções”.
"Essas soluções traduzem-se muitas vezes em incentivos não financeiros, a par de incentivos financeiros, mas sem agravar a sobrevivência da empresa", frisou.
Questionado pela Lusa, Filipe Rocha disse que o sindicato fez “todos os esforços possíveis” para que a greve não se realizasse, mas a empresa “não manifestou essa preocupação”.
“Os técnicos de manutenção aeronáutica estavam disponíveis para chegar a acordo, mas a empresa não quis viabilizar uma boa parte das reivindicações dos trabalhadores. Mesmo com grandes cedências por parte dos trabalhadores, a empresa não teve preocupações com o período de Natal, nem com os clientes, nem com a população”, acusou.
Os trabalhadores reivindicam uma “valorização profissional”, alegando que há funcionários “constantemente a sair” para outras companhias aéreas.
“É uma carreira que está muito valorizada no mercado e que a empresa não quer reconhecer. E também há uma necessidade de fixar na SATA estes trabalhadores, que têm uma certificação difícil de obter e que a empresa está a deixar sair todos os anos, porque não paga de acordo com o que o mercado está a indicar que deve pagar”, referiu Filipe Rocha.
Os trabalhadores já se encontravam em greve à realização do trabalho noturno a efetuar das 24:00 às 08:00, bem como à prestação de trabalho extraordinário, desde 28 de outubro.
Para o grupo SATA, as reivindicações apresentadas “continuam a ser consideradas incomportáveis pelo conselho de administração”, tendo em conta o “difícil contexto que atravessam as empresas que constituem o grupo empresarial”.
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