Em Portugal a ação de protesto da Scientist Rebellion foi executada por quatro pessoas, três cientistas em doutoramento e um da área de estudos da música. Fizeram tudo, desde a preparação dos cartazes à ação propriamente dita de colocar uma venda em algumas estátuas emblemáticas em Lisboa. A venda foi usada simbolicamente para passar a mensagem "não fechem os olhos", mais concretamente aos subsídios que são dados às energias fósseis na União Europeia.

Uma das ativistas que falou com o SAPO24 deu conta do roteiro seguido: "começámos às 9h00 da manhã no Chiado e acabámos por volta do meio dia no Rossio". Questionada sobre se tinham sido interpelados por autoridades ou outras pessoas, a ativista descreveu uma manhã sem problemas em que a única interpelação foi mesmo na reta final e em ambiente de civisno.

"Subi ao meio da estátua e vieram três polícias que nos abordaram e disseram que tínhamos de tirar o cartaz. Mas não deixaram de dizer que percebiam e até concordavam com a razão dos nossos protestos, o que me fez ganhar o dia. Há ativistas que acham que os polícias são o inimigo, nós não vemos isso assim", relatou.
A iniciativa de desobediência civil não violenta decorreu este sábado em 11 países da Europa e, em alguns dos quais, envolveu um maior número de pessoas. Foi o caso, por exemplo da Holanda, onde o grupo português antecipava a presença de Greta Thunberg, o que acabou por se confirmar, tendo a jovem ativista acabado por ser detida pelas autoridades

A ativista juntou-se hoje a várias centenas de manifestantes, que partiram do centro de Haia em direção a um campo perto da autoestrada A12, que liga Haia a Utrecht, e que tem sido palco de diversas ações organizadas pelo grupo Extinction Rebellion (XR).

Hoje de manhã, dezenas de agentes da polícia bloquearam o acesso dos manifestantes à autoestrada, alertando que “poderia ser usada a violência” caso os ativistas tentassem chegar à A12.

Alguns manifestantes, incluindo Greta Thunberg, encontraram um acesso alternativo e conseguiram bloquear uma estrada principal perto da autoestrada.

“É importante manifestarmo-nos hoje porque vivemos num estado de emergência planetária”, disse a ativista climática, citada pela agência AFP, antes de ser detida.

Nos Países Baixos, a Extinction Rebellion foi a primeira a bloquear uma autoestrada para protestar contra os subsídios à indústria fóssil, em 2022. O bloqueio deste sábado foi já o 37º bloqueio da autoestrada A12, numa campanha que, segundo os organizadores, já levou a 12 mil detenções.

A United for Climate Justice é uma plataforma que junta várias organizações e movimentos climáticos de que faz também parte a Scientist Rebellion Portugal e lidera a campanha Stop EU Fossil Subsidies / Fim aos Subsídios Fósseis da UE.

Segundo dados partilhados pela Scientist Rebellion Portugal, cerca de 405.1 mil milhões de euros são dados às indústrias fósseis todos os anos pela EU, na forma de subsídios implícitos e explícitos. Em comparação, este valor é dez vezes superior ao gasto em políticas de transição justa (menos de 40 mil milhões de Euros ao ano). “Isto significa que cada cidadão dá mais de mil euros por ano às indústria fósseis.”

“Estes subsídios baixam os preços dos combustíveis artificialmente, fazendo-nos crer que estamos a beneficiar do esquema. No entanto, os maiores beneficiários disto são as grandes empresas que todos os anos ganham milhares de milhões um lucros graças a estes subsídios. Ao mesmo tempo, as pessoas da Europa vivem uma crise do custo de vida e de inflação, enquanto que aguentam recorde atrás de recorde de altas temperaturas”, pode ler-se no comunicado.

*Com Lusa