São intervenções “da maior importância” para garantir que “temos condições de chegar ao próximo verão” com “maior capacidade de encaixe” e “melhor qualidade” de água nas albufeiras que, atualmente, têm menor volume de água e servem sobretudo para abastecimento público, mas também rega, disse o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.
O ministro falava na cerimónia de apresentação do Programa de Intervenções a Curto Prazo em Albufeiras, que decorreu hoje na Estação de Tratamento de Água do Monte da Rocha, no concelho de Ourique, no distrito de Beja, no Alentejo.
A ETA está situada junto à barragem do Monte da Rocha, cuja albufeira, que tem valências de abastecimento público e rega, regista, atualmente, um volume de água de “apenas 8%” e é uma das nove albufeiras que vão ser alvo de intervenções.
Trata-se sobretudo de intervenções de limpeza para remover sedimentos das albufeiras, nomeadamente “muitos nutrientes e muita matéria orgânica, que são os responsáveis pela degradação natural da qualidade da água”, e, desta forma, “aproveitar ao máximo todo o volume de água que existe nas albufeiras”, explicou o ministro.
“Nas albufeiras, há sempre uma parcela de água a que chamamos de volume morto, isto é, aquele volume que está mesmo no fundo da albufeira e onde existem muitos nutrientes e é extraordinariamente difícil, caro e complexo, do ponto de vista técnico, poder utilizar essa água para ser tratada e distribuída”, explicou.
Através das intervenções, vai ser possível “reduzir bastante” o volume morto para que, “no limite, toda a água” que exista nas albufeiras seja “passível de ser captada, tratada e distribuída”, disse, frisando tratar-se de ações “muito necessárias”, mas que “não são propriamente resposta a uma urgência”.
“Não são medidas de emergência” para combater a seca, porque “essas já foram tomadas no início e ao longo do verão”, mas sim para “preparação da próxima época de estio”, que “sabemos poder ser preocupante”, sublinhou.
As intervenções vão ser feitas em três albufeiras da Região Hidrográfica do Alentejo, em três da Região Hidrográfica do Tejo e em duas da Região Hidrográfica do Norte.
Na Região Hidrográfica do Alentejo, as intervenções vão ser feitas nas albufeiras do Monte da Rocha (Ourique, Beja), do Roxo (Aljustrel, Beja) e nos braços norte e nascente da do Pego do Altar (Alcácer do Sal, Setúbal).
Na Região Hidrográfica do Tejo, as intervenções vão abranger o Açude do Carvalhal, ou seja, na ligação à albufeira da Apartadura (Marvão, Portalegre) e nas albufeiras de Póvoa e Meadas (Castelo de Vide, Portalegre) e do Divor (Arraiolos, Évora).
Na Região Hidrográfica do Norte, as intervenções vão ser feitas nas albufeiras de Pretarouca (Lamego, Viseu) e Peneireiro (Vila Flor, Bragança).
Do investimento total previsto no programa, 2,3 milhões de euros vão servir para nove intervenções de limpeza das oito albufeiras e 1,2 milhões de euros para uma empreitada de alteamento para aumentar de 3,2 para 4,2 hectómetros cúbicos a capacidade e instalar comportas hidropneumáticas no descarregador de cheias da albufeira de Pretarouca.
Segundo o calendário previsto, as intervenções de limpeza vão decorrer entre março e outubro e a de alteamento da albufeira de Pretarouca entre julho e outubro deste ano.
A menor intervenção vai custar 50 mil euros e a maior 1,4 milhões de euros, precisou o ministro, referindo que “uma parcela significativa” do investimento total vai ser financiada através do Fundo Ambiental.
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