Jens Stoltenberg, que falava em Berlim, afirmou que, para que a aliança se mantenha forte, é preciso reforçar as suas capacidades de dissuasão e defesa, aumentar o apoio à Ucrânia e cooperar com os aliados em todo o mundo para “defender a liberdade”.
Desde a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, a NATO tem respondido com o maior reforço da defesa numa geração, disse, mas advertiu que “é preciso ir mais longe” e que cada aliado deve “fazer o que é necessário” para poder cumprir plenamente os seus planos de defesa e atingir o objetivo mínimo de 2% do PIB.
Jens Stoltenberg reconheceu que aumentar as despesas com a Defesa não é fácil, uma vez que “quanto mais se gasta com a Defesa, menos se gasta com outras coisas: saúde, educação, infraestruturas”.
No entanto, sublinhou que, se as despesas militares foram reduzidas com o fim da Guerra Fria, é necessário ter a capacidade de as aumentar agora que as tensões estão a aumentar.
O responsável também criticou o facto de os aliados da NATO não terem conseguido, nos últimos meses, prestar a assistência prometida à Ucrânia.
“Durante meses, os EUA não conseguiram aprovar o novo pacote (de ajudas) e as entregas de munições na Europa estão muito abaixo dos níveis prometidos. Os atrasos têm consequências”, afirmou, lamentando que a desvantagem da Ucrânia em termos de armamento e a falta de defesas aéreas tenham permitido à Rússia avançar na linha da frente e atacar mais alvos.
No entanto, “não é demasiado tarde”, sublinhou o secretário-geral da NATO, citando como exemplos do caminho a seguir a decisão do Governo britânico de enviar mais munições e aumentar as despesas com a defesa para 2,5% do PIB, e o anúncio feito pelos Países Baixos de uma ajuda adicional de quatro mil milhões de euros.
Além disso, manifestou a expectativa de que, na próxima cimeira da aliança em Washington, em junho, a NATO decida assumir um papel mais importante na coordenação da ajuda militar e na formação dos soldados ucranianos, de forma a dar à assistência militar uma base “mais sólida e a longo prazo”.
Globalmente, a NATO também precisa de reforçar a sua cooperação com países com valores semelhantes, uma vez que a Rússia é apoiada pela China, Coreia do Norte e Irão, que alimentam a “economia de guerra” de Moscovo, disse.
O secretário-geral da NATO chegou hoje à Alemanha, onde visitou a base aérea de Laage, no nordeste do país, e reuniu-se com a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock.
Na sexta-feira deverá reunir-se com os membros das comissões dos Negócios Estrangeiros e da Defesa do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), bem como com o chanceler, Olaf Scholz.
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