“Muito honestamente, não estávamos preparados para este aumento exponencial de turismo e de passageiros, e a própria infraestrutura, como o senhor ministro da Administração Interna já disse, também não está adequada a esta realidade”, disse a inspetora Ana Vieira em declarações aos jornalistas esta tarde no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, na sequência de várias notícias que dão conta de longas filas e de horas de espera para os passageiros que chegam a Lisboa.
“A espera que hoje se verificou significa que com as posições [de controlo de entradas], todas ocupadas, não conseguimos minorar os tempos de espera”, admitiu a inspetora, salientando que “entre as 5:00 e as 14:00 foram controlados mais de 11 mil passageiros, com todas as 16 posições ocupadas, e ainda com os e-gates [de entrada rápida] a funcionar, e apesar disto resultou uma espera de aproximadamente duas horas”.
Nas declarações à imprensa esta tarde, a inspetora Ana Vieira afirmou ainda: “Tentamos adequar o plano de contingência à realidade com que nos vamos deparando, mas eu tenho muita experiência de aeroporto e não me recordo nunca destes tempos de espera, nem deste volume de passageiros, é uma realidade nova com que nos deparamos”.
Questionada sobre se o panorama vai agravar-se no verão, com o previsível aumento de passageiros, a inspetora mostrou-se esperançada que o plano de contingência, que prevê a contratação de mais efetivos para o SEF e a alocação de outros departamentos para o controlo das chegadas, possa melhorar a situação, mas sem dar garantias.
“Se vai manter-se ou se vai intensificar-se no verão… o aumento exponencial de efetivos para a realidade que temos atualmente poderá evitar que em situação de necessidade de efetuar um embarque, tenhamos pessoal disponível sem ter de ir retirar à zona de fronteira”, exemplificou.
Ana Vieira salientou ainda que o trabalho do SEF não é apenas controlar as chegadas e partidas de passageiros e vincou a pressão a que estes trabalhadores estão sujeitos.
“Temos esperança que a situação melhore, não só para os passageiros, mas também para nós, porque a pressão a que estamos sujeitos é muito forte; a atividade do SEF não é só controlo de chegadas, há outras valências, e a questão é que continuamos a ter de corresponder a essas vertentes que não podem ser descuradas, senão o nosso trabalho não estará a ser bem feito”, concluiu.
A conferência de imprensa desta tarde segue-se a um comunicado divulgado ao princípio da tarde, no qual o SEF justificou a razão da “demora acentuada” com um pico de passageiros, nomeadamente 3 mil de voos que são controlados por esta entidade.
No comunicado, o SEF recorda que o Plano de Contingência para os aeroportos portugueses — também implementado em anos anteriores — iniciou-se a 02 de junho e estará a funcionar em pleno só a partir de 04 de julho, altura em que o reforço de 238 efetivos do SEF e da PSP ficará completo, totalizando 529 elementos.
“Ainda esta semana está previsto no referido Plano de Contingência, a partir de 15 de junho, o aumento do reforço interno nos aeroportos de Lisboa e Porto, por elementos de outras unidades do SEF, num esforço crescente de empenhamento que é gradual até ao mês julho”, explica o SEF.
Os três aeroportos mais reforçados ao longo deste período com recursos humanos – indica o SEF – são o de Lisboa (mais 102 elementos policiais, ou seja +73% do efetivo), Porto (mais 49 elementos, +122%) e Faro (com mais 45, representando +76%).
O SEF refere ainda que esta semana também está programado o alargamento da utilização das e-gates, no projeto RAPID4ALL, a mais duas nacionalidades, designadamente Canadá e EUA, aumentando para sete as nacionalidades que passam a poder usar esta funcionalidade nas entradas nos aeroportos nacionais.
Já no domingo a entidade que gere os aeroportos nacionais, a ANA Aeroportos, tinha alertado para os tempos de espera a que os passageiros estavam sujeitos.
Os tempos de espera na área das chegadas do aeroporto de Lisboa ultrapassaram no domingo as três horas, devido à “insuficiência de recursos e de postos de controlo de fronteira SEF em funcionamento”, disse a ANA Aeroportos.
“Hoje voltamos, infelizmente, a assistir a tempos de espera elevados que ultrapassaram as três horas na área das chegadas do aeroporto de Lisboa devido à insuficiência de recursos e de postos de controlo de fronteira SEF em funcionamento”, referiu a ANA Aeroportos, em comunicado.
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