Numa aguardada declaração à imprensa nacional e internacional no Vale dos Faraós, o ministro ampliou o suspense em torno da tumba do faraó. Na quinta-feira, uma equipa de especialistas americanos trabalhou para demonstrar uma teoria do egiptólogo britânico Nicholas Reeves, que acredita que ali também fica a tumba de Nefertiti.
Durante dez horas, os especialistas verificaram minuciosamente quatro paredes da câmara funerária de Tutancámon para captar com um radar a existência de supostas cavidades escondidas. "Trabalhámos a três centímetros dos muros", recobertos de frescos majestosos que representam Tutancámon durante as cerimonias fúnebres, informou à AFP Eric Berkenpas, um dos engenheiros da National Geographic Foundation, que realizou a análise.
Reeves afirma que há duas câmaras secretas. Uma é o hipogeu (tumba subterrânea, na arqueologia) de Nefertiti. A outra poderia ser uma sala de armazenamento inexplorada, que data da era de Tutancámon. Nefertiti, uma rainha que exerceu um importante papel político ao lado do marido, o faraó Akenaton, e que foi imortalizada como símbolo de beleza do seu tempo, viveu há mais de 3.300 anos. "Observei 40 imagens registadas em locais diferentes da tumba", disse Reeves nesta sexta-feira. "Acho que é justo dizer que fizemos os exames mais detalhados já feitos na tumba", acrescentou.
Mohamed Abbas Ali, especialista egípcio que trabalhou no projeto, explicou que as novas análises permitiriam obter "uma representação em 3D de qualquer objeto localizado atrás do muro". Anani indicou que os resultados não estarão disponíveis antes de uma semana, adotando o mesmo discurso prudente do seu antecessor, Mamduh al Damati. "Temos de rever, depois voltar a rever, depois disso confirmar e, então, voltar a analisar nossas posições", indicou Anani, que na quinta-feira disse que as autoridades esperam encontrar algo, mas que "não tinha certeza, por enquanto".
Damati provocou grande expectativa entre arqueólogos e egiptólogos, tanto académicos quanto aficionados, convocando uma conferência de imprensa em Luxor, no sul do Egito, em frente à tumba de Tutancámon.
"A descoberta do século XXI" num túmulo de família
As autoridades tinham prometido anunciar um resultado que poderia ser "a descoberta do século XXI". Em meados de março, tinha "90% de certeza" de que a tumba continha duas câmaras que nunca foram descobertas, com materiais "metálicos e orgânicos", após realizar análises com scanners muito sofisticados. Mas, se Nefertiti era efetivamente a esposa de Akenaton, então, não seria a mãe de Tutancámon? E porque é que esta rainha influente teria sido enterrada numa câmara adjacente à tumba de Tutancámon? O mistério teria origem na morte inesperada de um menino-rei, de 19 anos, no ano 1324 antes da era cristã, avaliou Reeves. Na falta de uma tumba disponível para abrigar Tutancámon, os sacerdotes teriam decidido reabrir a tumba de Nefertiti dez anos após sua morte, para o faraó.
Os especialistas egípcios afirmam ser mais provável, porém, que a câmara contenha a sepultura de Kiya, outra esposa de Akenaton, filha do faraó, ou outro membro da família real. Ao contrário de outras tumbas que foram objeto de pilhagem, a de Tutancámon, descoberta em 1922 pelo arqueólogo britânico Howard Carter, continha mais de cinco mil objetos de 3.300 anos de antiguidade. Intactas, essas peças constituem uma das coleções mais fabulosas de tesouros antigos do mundo inteiro.
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