“A extrema-direita portuguesa continua a aproximar-se das principais tendências europeias, na luta pela ‘reconquista’ da Europa pelos europeus”, indica o RASI de 2017, hoje entregue na Assembleia da República.
Além de intensificarem os contactos internacionais, estes extremistas “desenvolveram um esforço de convergência dos seus diferentes setores (identitários, nacional-socialistas, ‘skinheads’), no sentido de promoverem, no plano político e metapolítico, os seus objetivos”, adianta o mesmo documento.
De acordo com o RASI, assistiu-se a um reforço da propaganda ‘online’ e à multiplicação de iniciativas com alguma visibilidade, como concertos, conferências, apresentações de livros e protestos simbólicos, participados por militantes de diferentes quadrantes.
O relatório destaca também que a violência permaneceu como um traço marcante da militância de extrema-direita, havendo registo de alguns incidentes, nomeadamente agressões a militantes antifascistas.
“No seio do movimento ‘skinhead’ neonazi, alguns militantes continuaram envolvidos em atividades criminosas extra-militância”, refere o documento na parte dedicada à análise das ameaças globais à segurança.
O RASI sublinha igualmente que os serviços de informação acompanharam e avaliaram a ameaça representada pelas novas organizações e movimentos de extrema-direita em Portugal.
“Em 2017, este trabalho contribuiu para municiar o poder político e as forças e serviços de segurança com informações estratégicas sobre os novos fenómenos de extrema-direita em Portugal e Europa e, por outro lado, para auxiliar com informações tático-operacionais a prevenção e a contenção das potenciais ameaças associadas às atividades concretas das diferentes organizações”, lê-se no documento.
O RASI fala também dos grupos situados no extremo oposto, denominados anarquistas e autónomos, que mantiveram a tendência dos últimos anos, investindo sobretudo em atividades de propaganda e de doutrinação ideológica, como publicação de jornais, organização de palestras, debates, projeções de filmes e apresentação de filmes, e no estabelecimento de contactos internacionais.
Além de alguns militantes terem participado nos protestos violentos do G20 na Alemanha, estes grupos realizaram ocupações em imóveis devolutos no Porto e Lisboa, enquanto forma de protesto contra o capitalismo.
Segundo o RASI, a criminalidade violenta e grave diminuiu 8,7% no ano passado, em relação a 2016, enquanto os crimes gerais aumentaram 3,3%.
O relatório reúne os indicadores de criminalidade registados pela Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública, Polícia Judiciária, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Polícia Marítima, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, Autoridade Tributária e Aduaneira e Polícia Judiciária Militar.
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