Este ano, eram mais as pessoas no areal do que dentro de água, para festejar o primeiro dia do ano, mas os irredutíveis adeptos desta tradição entraram destemidos, entre gritos, de braços no ar e a chapinhar nas pequenas ondas.

Filomena, 63 anos, residente em Oeiras, transbordava de felicidade, deitada na areia, na beira do mar, como uma criança. "É um divertimento muito bom", contou à agência Lusa.

A banhista explicou que cumpre este ritual há 14 anos e que é raro constipar-se.

"Isto é para matar 'o covid', para ver se ele se vai embora com o frio. Não há covid que vença a gente", disse.

Para 2021, Filomena pediu "muita paz e muita saúde e que a pandemia se vá embora rapidamente. E que as pessoas tenham um mínimo de atenção e de cuidados para se precaverem".

Na praia, e já com uma toalha pelos ombros, Joaquim Tomás, 74 anos, de Lisboa, disse à agência Lusa que é frequentador habitual de praia no inverno, duas a três vezes por semana, por razões de saúde, depois de ter feito várias operações ao coração.

"A tensão baixou e sinto-me mais saudável", disse.

Para Joaquim Tomás, esta rotina não tem muito mais significado, mesmo sendo no primeiro dia do ano.

"Para mim, tudo corre bem, não tenho nada a lamentar. Continuo a desejar que a pandemia passe e que o país regresse àquilo que era antigamente, um país para turistas - trabalhei no turismo. Nós precisamos dos turistas, embora as pessoas às vezes reclamem", afirmou.

Para Mariana e para a filha, Sofia, de quatro anos, esta foi uma estreia nos mergulhos no mar no começo de um novo ano.

Emigrada na Suíça há mais de trinta anos, está em Portugal para visitar os pais e aproveitou para um banho na praia, onde a temperatura da água rondava os 15 graus e a atmosférica, hoje de manhã, era de nove graus. "Está um tempo ótimo!", exclamou.

"Ouvimos falar desta tradição, que dá sorte, dar banho a 01 de janeiro, e viemos cá pedir muita saúde para todos. Saúde e que 'o covid' se vá embora. Assim como veio, que desapareça, para que todos possamos viver outra vez em liberdade, podermos abraçar, dar um beijinho", disse à agência Lusa.

Além dos banhistas, na praia de Carcavelos, durante a manhã de hoje era possível ver famílias, pessoas a passearem cães, outras a correrem ao longo do areal, muitos curiosos a tirarem fotografias, surfistas, um pequeno grupo a jogar vólei; tudo isto sob o olhar discreto das autoridades, em terra e em mar.

Rui Inocêncio, 55 anos, acabado e sair do mar, afirmou à agência Lusa que costuma fazer este ritual há 15 anos.

Para o ano que agora começa, com céu nublado em Carcavelos e um tímido arco-íris a despontar entre nuvens cinzentas, este banhista foi sucinto: "Que a pandemia passe, para ficarmos todos bem".

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