“Onde melhor deveria ser patenteada esta exposição, testemunho de criatividade e comunismo, tão definidores desse sonho sempre renovado que é Serralves?”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa durante a cerimónia de inauguração da exposição “Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”.
O Presidente da República afirmou hoje que a Casa de Serralves é o melhor espaço para acolher a coleção de obras de Miró, assim como o Porto – “capital da liberdade e criatividade cultural” – é a melhor cidade para acolher “uma coleção de Joan Miró, ele próprio exemplo de cultura e liberdade”.
"Um dos maiores acontecimentos culturais na Europa"
“Com a garantia do comissariado de um especialista tão reconhecido Robert Lubar, [a exposição] ‘Joan Miró: Materialidade e metamorfose’ representa, em sim mesmo, um dos maiores acontecimentos culturais deste ano na Europa”, afirmou Mariano Rajoy durante a inauguração na Casa de Serralves, no Porto.
O presidente do Governo espanhol disse ainda que a sua “satisfação é ainda maior” depois de “saber que esta coleção vai permanecer de forma definitiva no Porto".
"Como espanhol, sinto-me reconhecido. A obra de Miró não poderia estar em melhor lugar e em melhores mãos”, destacou o governante, dizendo não ter “nenhuma dúvida de que esta exposição vai ser um grande êxito”.
Rajoy assinalou ainda que “são milhões os estrangeiros que cada ano vêm a Portugal” e que, “de entre todos os turistas” que visitam o país, “para os espanhóis o sentimento é especial”, realçando o sentimento de amizade que um espanhol sente quando atravessa a fronteira: “Quando chegamos a Portugal, temos a consciência e o prazer de chegar a um país irmão”.
Mariano Rajoy referiu ainda que "convivência ibérica é um exemplo poderoso" e que “Espanha não se pode entender a si própria sem a sua relação com Portugal” e vice-versa e que “no mundo há muito poucos casos de numa vizinhança tão rica como a partilhada entre Portugal e Espanha”.
Para Rui Moreira "a coleção não podia ficar em melhor lugar"
“Depois de uma prudente ponderação, entendi que esta coleção notável, coerente e indissolúvel, agora sob a tutela da Câmara Municipal do Porto, não poderia, de momento, ficar em melhor lugar do que aqui na Casa de Serralves. Com a pronta concordância da Fundação, posso agora revelar que este novo polo cultural do município ficará instalado nesta casa maravilhosa e queria também dizer que o senhor arquiteto Siza Vieira já aceitou o encargo de transformar esta casa de tal forma a que a coleção possa ficar aqui de forma permanente”, declarou o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, depois da inauguração da exposição “Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”.
Por seu lado, a presidente da Fundação de Serralves, Ana Pinho, declarou que a decisão não foi tomada “antes de o assunto ser abordado e também recolher a opinião da diretora do museu de Serralves”, pelo que “a todos pareceu que era uma boa decisão”.
"Todos compreenderão que a Fundação de Serralves tem todos os recursos técnicos para garantir a maximização deste projeto e ninguém compreenderia se tentasse replicar na Câmara Municipal do Porto estas competências", acrescentou Rui Moreira, que agradeceu aos vários intervenientes ligados ao processo, em particular ao primeiro-ministro, António Costa, para com quem "o Porto fica para sempre com uma dívida de gratidão".
Comissariada por Robert Lubar Messeri, com projeto de Álvaro Siza Vieira, a exposição reúne a quase totalidade das obras da coleção de Miró na posse do Estado provenientes do BPN e percorre o rés-do-chão e o primeiro andar da Casa de Serralves.
A coleção em causa, proveniente do antigo Banco Português de Negócios (BPN), “inclui um total de 85 obras de Miró, do ano de 1924 até 1981”, nas quais se encontram “desenhos e outras obras sobre papel, pinturas (com suportes distintos)”, além de seis tapeçarias de 1973, uma escultura, colagens, uma obra da série “Telas queimadas” e várias pinturas murais.
Comentários