Lisboa, à semelhança de outras cidades do mundo, associou-se às celebrações do “Dia Mandela”, com jovens da Academia Ubuntu a realizarem ações simbólicas em várias pontes, viadutos e aquedutos da cidade, numa iniciativa promovida pelo Instituto Padre António Vieira (IPAV).

“Vamos celebrar simbolicamente a importância de construir pontes, muito personalizado na figura de Nelson Mandela”, com ações nas pontes 25 de Abril, Vasco da Gama, Aqueduto das Águas Livre, Viaduto Duarte Pacheco e nas pontes pedonais na Avenida Brasília, na Rua Marquês da Fronteira e no Bairro do Rego, disse hoje à agência Lusa o presidente do IPAV, Rui Marques.

Rui Marques explicou que o tema deste ano se deve à necessidade de construir pontes, numa altura em que o contexto mundial e europeu está marcado pela fragmentação e pelo conflito.

“O nosso tempo está muito marcado por grandes forças de fragmentação, basta pensar no ‘Brexit’, no choque de civilizações ou na crise de solidariedade com os refugiados, para percebermos que o mundo precisa de homens e mulheres que sejam capazes de construir pontes, de ser fator de diálogo, e construtores de paz”, sublinhou.

O presidente do IPAV lembrou que foi esta capacidade que Nelson Mandela demonstrou ao ser capaz de “criar um mecanismo de diálogo entre a minoria branca, que tinha sido responsável pelo ‘apartheid’, e a maioria negra na África do Sul que durante muito tempo foi vítima desse mesmo ‘apartheid’”.

Durante a madrugada de segunda-feira os jovens da academia vão colocar placas nas pontes, para que Lisboa acorde com “Pontes Mandela”, e distribuir postais nas estações de comboio do Cais do Sodré, Entrecampos, Sete Rios, Roma/Areeiro e Pragal, com frases do líder histórico, como “Quando alimentamos mais a nossa coragem do que os nossos medos, passamos a derrubar muros e a construir pontes”.

Este dia assinala também o encerramento da terceira edição da Academia Ubuntu, um projeto de educação não formal para capacitação de jovens com potencial de liderança, provenientes de contextos vulneráveis da grande Lisboa e do grande Porto, ou disponíveis para trabalhar nesses contextos, disse Rui Marques.

Conceptualizada a partir de referências da cultura africana Ubuntu (“Eu sou porque Tu és”) e do exemplo de vida de figuras como Nelson Mandela, Martin Luther King e Gandhi, a academia é composta, em Portugal, por 100 jovens que, ao longo de dois anos, desenvolveram competências em termos de liderança para servir a sua comunidade e “estar ao serviço da justiça social e de um mundo mais humano”, frisou.

A Academia Ubuntu, que conta com o apoio das fundações Calouste Gulbenkian, Montepio, Serralves, entre outros, tem vindo a celebrar ao longo dos últimos anos o Dia Mandela, criado pela Nações Unidas para celebrar a memória e a herança de Mandela, como um grande construtor de paz.