O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Alta, Carlos João, disse hoje à agência Lusa que os trabalhadores da fábrica, a maioria mulheres, requereram a suspensão dos contratos de trabalho, na sexta-feira, porque "têm parte [do salário] do mês de janeiro e o mês de fevereiro por pagar".
"Como a administração, na sexta-feira, numa reunião que teve com os trabalhadores os informou que era impossível continuarem a laborar no momento porque, além de haver poucas encomendas, não têm dinheiro disponível para pagar aos trabalhadores, a administração entendeu que o caminho, para já, era os trabalhadores irem para a suspensão, para não estarem na empresa sem receber", explicou o sindicalista.
Os trabalhadores estão hoje a tratar, com a ajuda do sindicato, do processo de suspensão dos contratos laborais "com base nas retribuições em atraso".
Segundo Carlos João, a situação deve-se ao facto de a fábrica de confeções Confama sempre ter trabalhado "a feitio", ou seja, a produzir para outras empresas.
O responsável mostra-se preocupado com o futuro dos operários, por a empresa se situar numa "freguesia do interior do interior", onde a alternativa laboral não existe.
O autarca de Famalicão da Serra, Honorato Esteves, também reagiu com preocupação ao fecho da unidade fabril, por ser " a maior unidade empregadora" da freguesia.
"Naturalmente que, numa freguesia com cerca de 500 eleitores, isto vai ter um impacto profundo", admitiu.
Disse que as pequenas empresas e as microempresas que existem na área da construção civil e da silvicultura vão absorvendo "algum público masculino", mas não vaticina que "possam vir a solucionar" o problema do desemprego das mulheres.
"Adivinham-se tempos bastante difíceis para Famalicão [da Serra]", rematou o presidente da Junta desta localidade que dista cerca de 20 quilómetros da cidade da Guarda.
Fonte da empresa Confama - Confeções, Lda. disse hoje à agência Lusa que, na sexta-feira, no arranque do mês de março, a administração "não tinha trabalho para dar aos trabalhadores e, então, por mote próprio, as pessoas entregaram cartas de suspensão de contrato por falta de pagamento, porque havia parte do ordenado de janeiro em falta" e também o salário de fevereiro.
"As pessoas entregaram as cartas, nós processámos as cartas e eles [trabalhadores] agora estão em suspensão de contratos por falta de pagamento", acrescentou.
A fonte admite que "vai ser complicado" reativar a fábrica, porque "neste momento não tem trabalho", mas sublinha que "a esperança é a última a morrer".
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