Fundada em 2009 na cidade de Wakefield, no Reino Unido, a Penny Appeal, de acordo com o seu website oficial, é uma instituição de caridade de "combate à pobreza na Ásia, Médio Oriente e África". As suas ações passam por "oferecer formas de acesso a água, organizar refeições em massa, apoiar os cuidados a órfãos e providenciar ajuda médica e alimentar de emergência".

Até ao início deste ano, a Penny Appeal esteve apenas como líder Adeem Younis, seu criador e CEO, mas este decidiu este ano partilhar o fardo da liderança com alguém substancialmente mais novo. Com 11 anos e ainda na escola primária, Shakira Rahman foi por ele escolhida para ser a "kid boss" ("chefe junior") desta entidade - tendo até direito à sua própria página oficial de Facebook.

Ao jornal britânico The Guardian, Younis disse ter convidado Shakira depois de tê-la conhecido numa das atividades da Penny Appeal e ter ficar impressionado com a sua entrega e idealismo. Lembrando que fundou a instituição há uma década, o empresário diz que a jovem "traz-nos coisas que antes tínhamos", como "a ideia de que íamos mudar o mundo".

Funcionando como um antídoto ao "cinismo" que se ameaça instalar "por causa dos obstáculos do mundo real", Younis diz que Shakira tem "aquela atitude positiva", considerando que o seu papel "vai fazer uma genuína diferença para a caridade e para as campanhas que fazemos".

De resto, a "chefe junior" já começou a meter as mãos na massa, tendo visitado um orfanato construído pela instituição na Gâmbia e tendo-se sentado a conversar com algumas personalidades políticas do seu país. Para si, esta é uma "oportunidade incrível", que se baseia em "saber que se está a ajudar pessoas, não apenas a fazê-lo pela atenção", considerando que as pessoas deviam "dedicar-se à caridade e ter noção do que se está a passar no mundo".

Na sua agenda estão assuntos como "pobreza, imagem corporal e bullying", problema que diz ser "o maior de todos nas escolas". O facto de ter de tomar decisões e de estar a envolver-se na agenda da Penny Appeal faz com que Shakira sinta, como reporta ao The Guardian, que o restante staff da entidade a leve a sério e que o seu papel não seja meramente decorativo ou um exercício de relações públicas.

A sua "contratação" foi, considera o diário inglês, em parte, uma resposta à comissão de caridade britânica que apontou para a falta de diversidade e, particularmente, de pessoas mais jovens nos cargos de administração das instituições no país. É por isso que, no comunicado que avançou depois do convite, a Penny Appeal justificou esta ação, lembrando que "esta geração de crianças começou a experienciar o bom e o mau neste mundo e têm os seus próprios direitos e as suas próprias ideias de como fazê-lo um sítio melhor". "Se dizemos que as crianças são o futuro, vamos passar das palavras aos atos", lê-se na nota.

Da parte de Younis, o fundador diz estar tão impressionado pelo impacto de Shakira que está a planear convidar mais crianças para a administração. Já Shakira, ciente das suas responsabilidades, explica como é que está a lidar com o novo cargo. "Gosto de fazer os meus trabalhos de casa assim que os recebo, gosto de ser organizada", rematou.