O grupo confirmou à publicação económica que "concluiu esta semana um processo de rescisões", destacando as alterações ao nível dos canais temáticos, onde "serão implementados novos processos funcionais, mais coesos, que permitam reforçar e consolidar as audiências dos canais”.
Entre as pessoas afetadas por esta reestruturação - entre 15 a 20 pessoas - sete serão jornalistas. Adianta ainda o Dinheiro Vivo que Sofia Carvalho, diretora do canal SIC Mulher está entre os visados, assim como Vítor Duarte, diretor da Bloom Graphics, marca do grupo Impresa que unifica vários departamentos criativos, desde a cenografia, à infografia, passando pela pós produção áudio e vídeo.
O Sindicato dos Jornalistas pediu, entretanto, uma "reunião urgente a grupo Impresa".
"A Direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) enviou hoje um pedido de reunião urgente ao conselho de administração do grupo Impresa, após ter tomado conhecimento de que está em curso um processo de dispensa de trabalhadores. Os relatos que chegaram ao SJ dão conta de que dezenas de jornalistas, sobretudo na televisão SIC, estão a ser contactados para negociar uma eventual rescisão do seu contrato de trabalho. O SJ manifesta solidariedade com os trabalhadores do grupo Impresa e está ao dispor dos seus associados para todo e qualquer apoio que se torne necessário durante este processo", pode ler-se no comunicado.
No passado dia 2 de março, o grupo Impresa apresentou um plano estratégico para o triénio 2017-2019, cujas metas são melhorar a rentabilidade da SIC, aumentar as receitas digitais do grupo e acelerar a expansão internacional.
Este plano surge após uma quebra de 31,5% no lucro do grupo no ano passado, face a 2015, para 2,8 milhões de euros, e as receitas consolidadas caíram 10,8% para 206 milhões de euros.
"Os resultados alcançados pela Imprensa no exercício de 2016 ficaram aquém dos objetivos traçados", refere a empresa liderada por Francisco Pedro Balsemão, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
"A implementação, no final do ano, de novas medidas, incluindo a reestruturação efetuada na área do ‘publishing’, visa melhorar o futuro desempenho do grupo e, já em 2017, no que respeita aos indicadores operacionais mais relevantes, nomeadamente o EBITDA [resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações] e os resultados líquidos", recorda o grupo.
"Por fim, foi elaborado um Plano Estratégico para o triénio 2017-2019, que orientará a atividade e balizará os objetivos da Impresa a médio prazo", prossegue o grupo, que aponta cinco metas para os próximos três anos.
Entre elas consta "melhorar a rentabilidade da SIC, através do crescimento das receitas de publicidade, aumento das receitas provenientes de mercados externos, expansão e inovação em áreas de negócios existentes, nomeadamente IVR [chamadas para concursos] e 'ecommerce' e otimização dos custos de programação dos canais SIC".
A Impresa pretende ainda incrementar as receitas digitais do grupo, "através do aumento do número de assinantes e de vendas digitais e do crescimento nas receitas publicitárias digitais" e "acelerar a expansão internacional, aumentando as receitas provenientes da exportação através da distribuição de canais e da venda de conteúdos televisivos e digitais".
O grupo prevê ainda "prosseguir o esforço de redução da dívida remunerada e do aumento do EBITDA", com "o objetivo de se alcançar até 2019 um rácio de dívida/EBITDA no máximo de 4x" e ainda "concentrar em negócios e marcas com potencial de crescimento, reduzindo ou repensando as atividades que não tenham um contributo estratégico para o grupo, e simultaneamente encontrar novas oportunidades de investimento, obtendo até ao final do triénio um EBITDA de 1,5 milhões de euros em novos negócios".
No ano passado, o total das receitas no segmento ‘publishing’ diminuiu 13,2% para 48,4 milhões de euros, com a publicidade a recuar 15,9% para 21,5 milhões de euros. As receitas de circulação deste segmento recuaram 7,9% para 23 milhões de euros, enquanto as de produtos associados derraparam 30,3% para 2,1 milhões de euros.
"Todos os segmentos na área do ‘publishing’ em que a Impresa se encontra presente desceram, com as maiores quedas a registarem-se nas publicações das áreas de sociedade, feminina e de televisão. No entanto, das 14 publicações do portefólio do grupo, cinco cresceram em termos de circulação paga: Expresso, Exame, Caras Decoração, Jornal de Letras e Visão História".
O EBITDA do segmento ‘publishing’ passou de 3,6 milhões de euros para 74,6 mil euros negativos no final de 2016.
Cofina também avança para rescisões
Também a Cofina, detentora de marcas como o Correio da Manhã e Record, admitiu avançar com rescisões.
Em comunicado publicado esta semana, o Sindicato de Jornalistas avançou que "vários jornalistas do grupo [Cofina] têm sido chamados e confrontados com propostas de rescisão de contrato, nos últimos dias. A 24 de fevereiro, numa reunião entre o SJ e a administração da Cofina, esta reconheceu que o grupo poderá avançar para o despedimento de dezenas de trabalhadores. Os administradores Luís Santana e Alda Delgado classificaram os resultados dos dois primeiros meses deste ano como 'dantescos', dadas as quebras nas vendas das várias publicações do grupo e também nas receitas de publicidade", refere o sindicato.
Esta confirmação surge depois de ficarem a ser conhecidas as contas do grupo referentes a 2016. A Cofina anunciou os lucros caíram 14,4% no ano passado face a 2015, para 4,3 milhões de euros.
As receitas operacionais recuaram 0,7% para 99,9 milhões de euros. As receitas de circulação diminuíram 3,2% para 51,1 milhões de euros e as de publicidade baixaram 2,5% para 32,9 milhões de euros, enquanto as de marketing alternativo e outros registaram um crescimento de 12,8%, tendo atingido 15,8 milhões de euros".
O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) consolidado recuou 10,2% para 13,5 milhões de euros.
No final do ano passado, a dívida líquida nominal da Cofina ascendia a 57,6 milhões de euros, o que equivalia a um decréscimo de 2,2 milhões de euros relativamente aos 59,8 milhões de euros registados um ano antes.
"A Cofina vai aprofundar a sua política de reforço da eficiência operativa como forma de fazer frente ao ambiente de mercado extremamente adverso. Assim, serão aprofundadas medidas de corte de custos nas áreas mais expostas ao ciclo e, em simultâneo, serão reforçadas as áreas de crescimento, como sejam a televisão e o 'online'", referiu a empresa em comunicado.
Já no final do ano passado, quando contactado pelo Sindicato dos Jornalistas, o grupo Cofina, na pessoa de Luís Santana, em representação da administração, admitiu que poderiam haver "algumas rescisões de comum acordo". No entanto, o responsável garantia que se tratavam de "casos pontuais, fruto de negociações com profissionais que entenderam que a saída seria o melhor desfecho por não estarem na disposição de cumprir algumas exigências que a empresa considera imprescindíveis".
[Notícia atualizada às 13h37]
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